domingo, 3 de julho de 2016

Mind the Gap

        Texto de Londres, escrito em partes enquanto eu me escondia na sala de uma inglesa maluca e não conseguia dormir..

        Os que tem asas sempre se encontram. Eu tenho um campeonato de ironia com Deus mas de vez em quando a gente declara um armistício. E de repente, a 10000km do que deveria ser minha casa ele manda uma mulher com asas pra me arrancar do fundo do poço e me colocar no caminho a base de rum e rock n'roll. 

         Eu pensei na vela que tinha acendido para um anjo em Sacre Coer, lembrei de como jogo xadrez, de como vivo e vida e de como tudo isso é uma coisa só. E mesmo desmoronando mais rápido do que conseguia me remontar, mesmo tendo vontade de desaparecer, a Maira me encontrou lendo um jornal com a dignidade de um lorde inglês. 

       A vela foi porque eu já sabia o caminho que as coisas estavam seguindo. Não que fosse um plano, mas fica difícil não perceber o que o mundo está dizendo quando ele insiste em gritar na minha cara. Certas coisas são inevitáveis. E ali, tão longe de tudo, foi muito mais fácil ver as coisas em perspectiva..

         E viajamos para longe para descobrir que estávamos com um tesouro na mão quando estávamos em casa. Mas, quer saber.? o tesouro é uma ilusão. A falsa sensação de segurança, de proteção... ela não significa nada pra pessoas que nem eu. 

        Eu lembro da primeira vez que tomei rum na minha vida. E pra sempre vou lembrar de um rum envelhecido que bebi em Londres com gente do mundo inteiro, e que tinha gosto de mal de azheimer engarrafado pelo próprio demônio. 

        É incrível o que as pessoas falam perto de ti quando acham que vc não fala a língua delas. Ainda bem que não conseguimos ler pensamentos.

         Falar inglês é fácil. O problema é ouvir. Porque nunca é aquele inglês que eu estudei no yazigi quando ficava com a professora. É um irlândes, uma espanhola, uma romena ou uma iraniana falando com qualquer sotaque. Ainda bem que malandragem é uma linguagem universal.

         O vale transporte tinha mesmo que se chamar Oyster.? O velho trocadilho da música do Tool. É "peace of mind" or "piece of mind". Whatever.. I saw the gap again today...

Amor sem confiança segue impossível, só pra constar. 

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