sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Alguns compassos são infinitos


        No meio da tarde eu olho pra mesa de som do mesmo jeito que olhava pro meu tabuleiro de xadrez. Fico com um pincel limpando ela e ajeitando as configurações como cuidava com o posicionamento das peças, bem no meio das casas. O nome da cena que crio diz muito "seguindo os passos" . Eu só estava ali por gentileza e esforço meu e de tantos que me ensinaram tanto. E em cada botão da mesa de som eu vejo a mesma mítica que antes tiveram os peões. De cada um eu sei o caminho e sei o porque. E quero que tudo soe bem assim como quero que todos encontrem a redenção no fim do tabuleiro.

           Eu acredito em planejamento e em erva mate moída grossa, mas mesmo com essas duas coisas, quando olhava pra trás as pernas perdiam um pouco a firmeza e meu coração balançava.  De qualquer forma era só mais um pretexto para fazer o que faço de melhor. Eu discutia comigo mesmo enquanto ia desenhando elefantes nos gráficos de frequências O fato é que há um momento, um momento em que alquimia da música bate forte. Quando tudo está no seu devido lugar. É algo que deveríamos apenas ouvir, mas que é tão forte que é impossível não sentir com os outros sentidos também. E nesse momento, quando o som ficava bom comigo e apesar de mim, eu sorria e ficava invisível. Às vezes eu faço música como uma equação. Às vezes soa como mágica. 

     Uma luz vermelha pisca e me coloca em xeque. "Vai até onde dá". Assim me ensinaram, assim eu trabalho. Nesse limiar entre risco e segurança a vida é melhor. Aumentava o volume do P.A. como quem pisa mais forte no acelerador. 

         Entre um show e outro, sinto meus pensamentos gaguejando em 3 línguas diferentes. Mas depois de ser canalha em inglês e espanhol, lembro que palavras são só palavras, independente do código delas

         E de trás de um quilt e um sorriso, já de manhã, veio uma daquelas frases que definem muito "Alguns entram de cabeça em tudo e outros entram de cabeça em nada". E de cabeça meio baixa, com o meu sorriso leve, pensei em todos que haviam entrado de cabeça na realização daquele festival. E todos todos todos tiveram a sua importância, desde o Bob Stroger até o segurança que me filava cigarros. 


Bob Strogeer e Headcutters no meu palco.

            Impossível citar todos, mas não posso deixar de citar alguns. Fher Costa, Babi, João, Monta, The Headcutters, Marcela, Tita, Rubia, Jeane, Gabi, Bledo, Kiko, Aguina, Lisi, Eduardo Hidromel, Faccioli, Sagui, Gabi, Mestre Kalifa. A cada festival que passa eu aprendo muito, não só sobre o meu trabalho, mas sobre o tipo de pessoa que eu quero ser. De coração, muchas gracias.

2 comentários:

  1. Nossa Bredaaaaaaa!!!!!!! Que lindo!!!!!!!! Mega emocionante!!!!!! Coisa boa essa mágica que inflama algumas boas pessoas!!!! Acho que é justamente pra isso mesmo que a gente tá aí a cada ano!!!!
    Bj enorme!!! E obrigada pela parceria e gentileza de sempre!!!
    Tita

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  2. Que lindeza! Te vi caminhando... Muito bom!!! :-)

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