sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O físico

O conforto é perigoso. Irmão da inércia. Quando nos sentimos confortáveis, acabamos por nos acomodar.  Sinto um pouco disso dentro dos meus ossos. Como se eu tivesse nascido assim. Tem um principio na física, alguma variável perdida na fórmula do atrito. É preciso mais força para dar o primeiro passo. Perdi a conta de quantos primeiros passos já dei. Talvez por andar sem rumo na maioria do tempo, nunca achei que estava no meu lugar, por mais que caminhasse. E eu caminho muito pela casa de madrugada. Sempre no escuro. Sempre esbarrando nas mesmas paredes por calcular errado o espaço. Por tentar abrir os olhos no escuro. Nesses pequenos detalhes encontro as melhores metáforas da minha vida. Aquelas que ninguém entende. Aquelas que todos entendem errado. Ou talvez minha vida seja uma grande metáfora destes pequenos detalhes.

Queria muito ter alguém com quem conversar em silêncio de madrugada. Ou melhor, queria muito conseguir me expressar melhor com o silêncio, mas sei que é bobagem minha. As pessoas estão preocupadas demais em falar muito e ouvir pouco, ¿¿como eu poderia pedir que perdessem um tempo com as minhas não palavras. Então eu escrevo e escrevo. É um jeito de conversar comigo mesmo, com essa turminha inconveniente que mora aqui dentro. Nunca em consenso, graças ao Único Acima. Quando me quedo quieto estou palestrando para mim mesmo. Ou me cobrando por não ter aprendido o que deveria ter aprendido antes, ou rindo de alguma ironia que simplesmente aparece quando discuto comigo mesmo. Tenho saudade de olhar as estrelas.

Fui fumar um cigarro na janela e me perdi. ¿¿Onde eu queria chegar.?? Ah, lembrei. Sempre penso demais nas madrugadas.

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