quinta-feira, 14 de abril de 2011

Família espiritual.

Trechos do Mapas do Acaso, do Humberto Gessinger:

Viola caipira é o intrumento que a gente passa metade do tempo afinando e metade do tempo tocadno desafinada. A vida é um pouco assim. A gente pode passar metade do tempo fazendo planos e a outra metade tendo que improvisar.

âncora, vela
qual me leva?
qual me prende?

mapas e bússola
sorte e acaso
quem sabe
do que depende?


Demora um tempo para descobrirmos qual é a nossa família espiritual.[...] São músicos, poetas, arquitetos, pintores, políticos, atletas, escritores, religiosos, amigos... Até parentes podem fazer parte da nossa família espiritual. No primeiro encontro, pinta a sensação de sermos velhos conhecidos, como se um só coração movimentasse nossas correntes sanguíneas. Podem ter vivido em outros séculos, outros continentes. Assim como alguém que tenha o mesmo ofício que a gente, na mesma época, na mesma cidade, pode estar a uma distância inalcansável. Às, levo um susto quando me comparam a pessoas que parecem de outro planeta. Outra família espiritual.
Para que a para quem a gente escreve, toca, pinta e borda? Para satisfazer a tal família espiritual? Para aumentá-la? Para os tais fantasmas, os caras que eu poderia ter sido, as caras que eu poderia ter tido? Enquanto conversávamos, pintou uma legião deles. Não quero cansá-los. Vou deixá-los dormir ou frequentar o sonho de outras pessoas enquanto sigo viagem. É isso, nota mental para a próxima linha:
...seguir viagem.!


A onda agora é outra
Um tsunami arrasador
Eu fecho os olhos, outro mundo.
Vou morar no interior.


Mapas do acaso - HG

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