De todas as conversas desse mês de agosto...
Um se apaixona fácil em noites de verão e de inverno, o outro não sabe mais o que é se entregar.
Um ouve engenheiros do hawaí, o outro ouve tool.
Um lê nietzche em español, o outro Osho.
Um não tem medo de cair, o outro não se importa em levantar.
Um toca músicas, outro soa entre um silênco e outro.
Um toca baixinho pra não atrapalhar o silêncio, o outro grita até perder a voz escondido atrás dos cabelos.
Um acredita, o outro sabe.
Um conversa com as flores e com qualquer coisa que faça parte, o outro ouve as histórias das cartas e das estrelas do céu.
Um não gosta das coisas fáceis, o outro sempre tenta o jeito mais difícil.
Um é um amigo leal e honrado, o outro é um inimigo frio e cruel.
Um fala a verdade de forma kamikaze, o outro brinca com as palavras conforme a necessidade.
Um toma tequila sentado num cordão de calçada, o outro chimarrão com as pernas na janela.
Um é um budista que acredita em Jesus, o outro é um ateu semi convicto.
Um conta com a sorte, o outro faz parte de um complô maior.
Um fecha os olhos para ver, o outro decifra sinais.
Um queria passar desapercebido, o outro está sempre no olho do furacão.
Um é como o fogo, que aumenta as fogueiras grandes e apaga as pequenas, o outro é como o sol, que aquece mas também apodrece o esgoto.
Um joga xadrez com cara de poker, o outro joga poquer pensando no tabuleiro.
Um é um palhaço no circo sem futuro, o outro um equilibrista.
Um faz mistério porque sabe que é útil, o outro se esconde por ter medo.
Um chora porque dói muito, o outro porque não quer deixar a chuva cair sozinha.
Esses somos nós. Debaixo da chuva do mês de agosto. A minha chuva.
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