domingo, 25 de março de 2018

Empernados

            Infinitos planos na minha cabeça. Em vez de pensar no que quero, penso no que consigo ou no que posso fazer. E as vezes o Único Acima me usa porque precisa que as pessoas escutem certas coisas. E ele sabe que a maioria das pessoas só escuta palavras. Meu trabalho panfletando no inferno me coloca em situações que nunca imaginei estar. Talvez nos meus melhores sonhos.
              
             Eu tinha um anjo e a coisa que mais me lembro dele é o som das gargalhadas dele na minha janela. Passamos por incontáveis batalhas juntos e na derrota e na tristeza ele fazia o trabalho dele. E eu insistia em fazer o meu. Não foi surpresa nenhuma quando ele se tornou o anjo da minha senhora. E ontem, quando ela me disse que o nome dele á Arthur, eu gargalhei do mesmo jeito que ele gargalhava na minha janela. E, com minha alma rindo, eu percebi que estava no exato lugar que deveria estar. Ouso falar em merecimento. A paz que eu tanto quero está ao alcance. Naquele pequeno momento eu torci pra que o Arthur tenha gostado de ouvir minha gargalhada, assim como eu gostava de ouvir a dele nas madrugadas de caos e intensidade que nos forjaram. 

             Minha esperança está em farrapos, mas com a calma de quem sabe que tudo vai se resolver, o Arthur fez o que faz de melhor, usou a boca da minha senhora e disse como o pouco caso dos que sabem:  - Logo logo tu arruma ela.

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