domingo, 2 de outubro de 2016

Serenidade e euforia

       Eu convivo com o Kiko faz anos. A gente tem conversas infinitas sobre equipamentos de som, pirâmides, forças ocultas que governam esse país e putarias do passado. Já tocamos algumas vezes juntos mas ele sempre me surpreende tocando. Ontem a noite ele precisou exatamente de 3 notas pra me deixar impressionado. Eu lembrei do que é poder, do mesmo tipo de poder daquele simpático senhor inglês com uma fender preta na mão. E ali vi meu amigo cavocando a velha ibanes tocando pink floyd. E de repente estar num palco tocando voltou a ser o que era. O que nunca deveria ter deixado de ser.  A catarse e a liberdade batendo no meu peito. E eu pensando mil coisas enquanto o Virgílio tocava sozinho. Ou sorrindo sem pensar em nada. Aquela bolha mágica onde todas as escalas estão debaixo dos dedos e as notas certas ficam fáceis.

        Queria a minha senhora ali. Minha cúmplice. Me viu quando eu estava na vala e merecia me ver batendo asas. E eu teria com ela uma daquelas nossas conversas gigantescas sem dizer palavra. E com o kiko fazendo o solo de confortably numb, todas as coisas estariam no seu devido lugar. Na minha cabeça aquele si menor sempre lembra a mesma música. Nessa rua nessa rua tem um bosque que se chama que se chama solidão.

         No fim, usando o shuffle como quem diz, "Calma guri, eu estou ocupando mas ainda não me esqueci de ti", o Único Acima fez tocar Turn the page do Metallica e Free Bird do Lynyrd. Eu fingi que não ouvi. E ele continuou me cutucando. 

Que assim seja, vou terminar de colocar o lixo pra fora e depois conversamos.

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