domingo, 16 de outubro de 2016

Por uma pena vermelha

         Voltando do baile, enquanto todos dormiam na van, eu olhava pra escuridão ficando luz. Um lusco fusco de aurora. E cantando pra mim mesmo uma velha ópera. 
 

Dilegua, o notte!
Tramontate, stelle!
Tramontate, stelle!
All'alba vinceró!
Vinceró, vinceró!
 


           Não venci nada. Vi o mundo ser ótimo como quem oferece uma bebida antes de dar uma nóticia ruim. Vi o que mais quero. O que me coloca no céu e me afunda. E eu lembro que é bom estar vivo. E sigo escrevendo como se fosse salvar a vida de alguém.

Provavelmente a minha.

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