sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Ainda tenho a tua guia.

           Depois de uma madrugada de tendinite pelo meu exagero, ouvindo o som da chuva e contando segundos entre o raio e o trovão, resolvi escrever. Estou sempre escrevendo cartas que nunca vou mandar. Estou sempre querendo ajudar os meus. De alguma forma, acho que ajudando os outros ajudo um pouco a mim mesmo. E entendo um pouco mais meus próprios dilemas. No fundo as pessoas são todas iguais, e as dúvidas tem sido um problema.

           Para explicar o que eu quero dizer, eu poderia falar sobre uma conversa entre Deus e Elias no meio da guera entre Israel e Síria - sim, tem guerras lá desde sempre. Ou poderia contar uma conversa de Exu e Iemanjá no aniversário dela. Mas o fato é que ninguém conseguiu explicar tão bem quanto o Gandalf, falando pro Aragorn e pro Faramir. "O que nos protege do poder total de Sauron não é o fato de estarmos com o  um anel e sim ele não saber onde está o anel. Ele tem dúvidas e o olhar dele fica indo e vindo por toda a terra média, procurando de forma repetida e ineficaz. Quando ele tiver certeza, estando ou não estando em poder do Um anel, nós seremos dizimados."

          Foi esse trecho do livro Senhor dos Anéis que me fez perceber como não se focar faz mal.  Mesmo o Sauron sendo praticamente um X-men, o poder dele era diminuído por ele não poder lutar uma guerra sem dúvidas. O  que nos traz de volta as nossas mensagens. O que tu me falou é uma situação familiar para qualquer um: Existe uma escolha simples e complicada, mas ela é difícil e ficamos adiando. O resultado quase sempre é o mesmo, a falta de ação preserva quem está perto enquanto vai nos corroendo por dentro. Até um ponto insustentável onde a vida nos coloca num ponto onde não há mais escolha e nem lição a ser aprendida. Posso falar pois já passei por isso mais de duma dezena de vezes. 

            Nosso passado não chega nem perto de passar uma ideia de sensatez, mas tu é uma das pessoas mais sensatas que conheço, apesar de ter uma estupidez latente que às vezes atrapalha teu discernimento. Queria que houvesse aqui uma receita mágica para ver o futuro e escolher melhor baseado nas consequências, mas infelizmente não tem. E também não tenho moral nenhuma pra te dar conselhos - e sabemos bem que conselhos no fim do ano tendem a ser o caos instaurado. Pensa bem e que teus pensamentos sejam iluminados para que tu decida o melhor. Vou ficar aqui, sempre pronto pra te ouvir quando ou se tu precisar. E torcendo pelo melhor.

Não porque eu tenho contigo uma dívida impagável, mas sim porque tu é tu.

Fica bem, serenidade e paz.

V.  

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