quinta-feira, 19 de março de 2015

Por e dispor

       O mar me viu vazio e me ignorou. Eu sei como ele funciona, ele tem que lidar com tantos vazios que acaba não se importando mais com eles. Em algum momento da minha vida fiz algo parecido.Eu queria ter algo para mostrar pra ele naquele momento, mas era só uma carcaça vazia parada na areia. Não havia força, não havia coragem, não havia tristeza, não havia dor...não havia nada. Fiquei tanto tempo fingindo ser tanta coisa que quando não precisei mais fingir e podia ser eu mesmo, não sabia mais o que era. Entrei no mar considerando a ideia de não voltar.  A morte sempre parece menos terrível quando se está cansado. Escrevi uma frase na areia e, no fim, acabei voltando por causa da frase. Viver e morrer pela palavra. E porque, mesmo não se importando muito comigo, o mar tinha outros planos pra mim que não incluíam me afogar.

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