domingo, 28 de janeiro de 2024

Eu ganhei foi tapa na cara

    Eu não deveria estar ali, mas os sinais berram enquanto o acaso vai ajudando. Do nada vem a biscate:

    - Tu já disfarçou melhor a vontade de chorar.

    - Talvez porque a vontade de chorar era menor. 

    E conversamos enquanto eu sabia que ela estava prestando mais atenção no que eu não estava dizendo no que nas palavras. 

    Ela pergunta sobre as costuras já sabendo a resposta. Meu personagem desmorona e os olhos enchem de água. E dessa vez eu não estava perto o suficiente pra fazer ela fechar os olhos com beijo. Não havia como chorar baixinho pra ninguém ver, então eu desisto e choro abraçado nela. Ela não fala uma palavra e dessa vez sou eu que entende o silêncio. Quando eu a solto tomo o maior tapa na cara da minha vida. Penso em revidar mas não era o caso.  Colo ou uma surra.. o que eu sempre pedi pra ela. Acho que ela viu que colo não ia resolver. Com a cara doendo eu lembro pq eu tinha medo dela. E ela vai me jogando palavras que me desmontam. Queria ter força pra odiar ela. Pra odiar o que estou me tornando. 

    O olhar de pena dela machucou mais do mill tapas. 

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