Acho que desde que me entendo por gente sinto um certa urgência em relação ao amanhecer. Tudo tem que se resolver antes do sol nascer. As coisas quase nunca são pra ontem, mas raramente elas são para amanhã. Eu sentia essa pressa quando não dormia de noite, quando trabalhava de noite e também agora que acordo as 5h. Existe um momento perto das 3h em que eu gosto de sentar e escrever. E há uma paz gigante nisso. Se consigo parar e escrever é porque fiz tudo que queria fazer. Ou não. Às vezes escrever é só meu jeito de sentir tudo em doses homeopáticas.
Acho que não perdi meu coração que pensa ou meu cérebro que sente. Mas perdi tanta coisa. Não acho mais meu feitiço, tornei-me pragmático e cético. E eu fico repetindo uma velha simpatia, desde criança.
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