quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Entre aquilo que me corrói, as cartas que não escrevo e as oportunidades perdidas.

          Às vezes a mix do P.A. é como uma represa muito cheia. E a música é tão caprichosa quanto a água. O som segue o caminho que quer enquanto a gente vai construindo desvios e diques aqui e ali. E faz o que pode pra não transbordar. Às vezes vaza um pouco d'água, às vezes a gente precisa soltar mais água do que deveria pra evitar o colapso. É uma sensação  ruim está de estar perigosamente muito perto do vermelho.

             Ontem foi uma dessas noites. Muitas bandas e pouco equipamento é uma equação irritantemente familiar no meu trabalho. Tento entender por que as merdas acontecem justamente quando as pessoas que eu gosto estão no palco. ¿Seria pedir de mais se eu quisesse que acontecesse com quem eu não me importo? Pra poder resolver problemas sem me envolver. Matemática objetiva e imparcial.

             E quando o circo pega fogo eu me obrigo a ser objetivo. Não consigo achar espaço pra gentilezas quando a represa pode estourar a qualquer momento e tudo precisa ser resolvido rápido. Mas há  uma linha que não deve ser ultrapassada: a da estupidez. E ontem eu cruzei essa linha com um cara que eu deveria nem sequer subir o tom de voz.

         Tenho minhas razões técnicas pra justificar o que pedi, mas não tenho moral nenhuma pra tentar explicar a forma com que pedi. Sim, muita confusão e vontade de acertar. E lá  estou eu esculhambado tudo por afobação numa coisa que não deveria me abalar faz anos. Não acreditar em mim mesmo tem esses problemas recorrentes: parece que estou sempre tendo que provar meu valor... não pros outros, mas para mim mesmo.
 
            Sei que me desculpar não repara os danos, mas se serve de consolo, todo esse processo está  me fazendo melhorar na marra. No final eu peço desculpas de coração. E eu sei que pra ti já  passou. Tu sabe sentir raiva mas não consegue guardar rancor. Ainda tenho muitas lições pra tirar do que aconteceu e do que com certeza ainda vai acontecer nas entrelinhas dos nossos bailes. Te agradeço pela paciência. Sempre falo que meu trabalho é  fácil porque eu ando com os grandes. E dentro e fora do palco, tu é um dos maiores. No meu coração tu tem um lugar especial, com vista pro mar e frigobar sempre cheio.

Fica sempre bem.

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