terça-feira, 19 de março de 2013

Quase tudo

Eu queria saber desenhar. Desenhar uma montanha bem alta e depois desenhar um bonequinho de palitos carregando um saco pesado montanha acima. Ele ia demorar um a tempão prá chegar lá em cima e ia chegar todo machucado. Quando ele chegasse no topo da montanha ia ficar a noite inteira olhando as estrelas. Prá ele, uma constelação de 5 estrelas marca o que ele entende como casa. E qdo amanhecesse ele ia abrir o saco e tirar de dentro duas asas empoeiradas e sujas. pra colocar de volta nas costas, todo desengonçado. Existe um sorriso que só as pessoas tristes conseguem dar e depois de dar um desses sorrisos o bonequinho ia pular montanha abaixo. Ele até ia voar um pouco, mas sozinho ele não tem a força que precisa pra manter as asas abertas. Mesmo sabendo que não tinha como, mesmo sabendo que o chão era destino certo, ainda assim ele pulou. A queda seria foda e depois do tombo e de se recuperar um pouco (não da dor física porque a dor do corpo é uma piada perto da dor da alma), ele iria levantar e sem ter força de erguer os olhos iria colocar as asas dentro do saco e recomeçar tudo de novo. Mesmo as asas sendo só um emaranhado de água salgada e remendos mal feitos, eram dele. Foram presente da mulher palitinho que ele amava. Ao redor dele haveria uma multidão de palitinhos dizendo que ele não deveria ter pulado, que ele não deveria tentar voar de novo, dizendo que o chão era o lugar dele.  De cabeça baixa ele iria de novo em direção a montanha, com medo, duvidando de si mesmo, duvidando do real motivo de ter ganho aquelas asas que as vezes amaldiçoava por ter lhe trazido tantos problemas. Ele duvidava de quase tudo, menos de uma coisa. Com o mesmo sorriso que só as pessoas tristes conseguem dar, dessa vez com covinhas nas bochechas, ele iria continuar subindo naquela montanha até o dia em que a mulher palitinho com um coração forte voasse com ele. Ou o dia em que a queda fosse demais e ele acabasse morrendo. Os corpos de palitinho são muito frágeis perto das decisões que a alma toma. Ou de um amor que não sabe acabar.

Eu queria saber desenhar, porque não tenho mais palavras pra descrever o vazio que sinto longe dela..


4 comentários:

  1. Por maior que seja a dor, ela passa! E podemos novamente sorrir, desta vez com a certeza de que o que doia se transformou em aprendizado, e o aprendizado em paz...
    "Deixa ir quem nunca teve a intenção de ficar".
    Bj no coração

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  2. Acorda pra vida rapaz!! A dor passa, sempre passa. Todos temos cicatrizes, dores na alma, histórias, passado, amores... Certamente deve existir alguém que te faça sorrir e querendo invandir esse coração... Permita-se ser feliz com quem quem quer estar ao seu lado. Olhe a sua volta e veja quantas pessoas pessoas carregam marcas e dores e seguem em frente.
    beijo
    Flor.

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  3. Eu aprendi a desenhar palitinhos contigo :)
    Saudade de nós dois.

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