segunda-feira, 25 de julho de 2011

¿E essa peça se encaixaria exatamente aonde.?

Foi só o tempo de pegar o Tiago e o Lopez, 2 mudas de roupa, entre elas a camiseta dos kamikazes e jogar no porta mala. Eu não sabia quando nem se voltaria então peguei a bandeira. Rota do sol vazia e esburacada. Parecia meu coração, pensei eu. Parei no meio dela para ver as estrelas. O frio ficou ali comigo enquanto eu fumava um cigarro vendo tudo borrado.

Não que eu tenha entrado no mar correndo. Decidido também não seria a palavra. Eu acho que ansioso caberia bem. Onda atrás de onda... mil agulhas geladas queimando em cada uma e eu ali, teimando. A dor é o melhor mestre e eu imaginei que ali eu deveria aprender alguma coisa. Se não conseguisse, pelo menos conseguiria equilibrar a dor do lado de fora com a que eu sentia por dentro. Só não sabia porque eu queria fazer isso. Assim são meus planos: genias, absurdos e bonitos, mas sem finalidade nenhuma. O sol já estava alto e eu ainda não tinha entendido o que estava acontecendo. Mesmo sentado na areia eu me sentia sem chão.

Em determinadas situações eu lembro de coisas que passam anos esquecidas. Quando eu estava colocando as meias eu lembrei da Cecília.

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
depois abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Eu sei que tem mais um verso, mas minha lembrança vai só até aqui. E eu não quero procurar o resto no google. Eu não queria voltar prá caxias. 3 ligações depois eu já tinha desistido de consertar o corpo e resolvi cuidar da alma. Eu estava a caminho de porto alegre. Não sem antes rabiscar uma pergunta na areia que ainda não consegu responder.

Um café em cima de uma veneziana,  X do speed com 27 pedaços de bacon bem contados. Festa estranha na cidade baixa onde tomei patrícias e captain morgan. Uma fruteira no viaduto da borges pra eu comprar uma maçã de madrugada.
Obrigado Diego Forlan por enfiar a centúria celeste na bunda do mala onda. Chorei abraçado na bandeira. E depois fui tomar chimarrão na beira do rio pra ver o por do sol. É incrível como consigo me sentir um alienígena simplesmente por falar em espanõl nas ruas do moinhos de vento. Por mim eu não voltaria nunca, mas fugir seria pior. Sou péssimo em fugas, como se sabe. Como se a distância pudesse ajudar

O fato é que eu não tinha dinheiro suficiente para ir até Montevideo, então tive que me render e voltar. Chegando em casa e colocando o celular para carregar. dando de cara com a foto nele, com o bilhete do lado do monitor.  Mil mensagens que ainda não apaguei. Alguma coia entre raiva e tristeza. Duas coisas que não sei sentir muito bem. E eu não devo saber amar do jeito certo. Eu realmente não sei o que eu deveria estar sentindo. Não que eu quisesse escolher muito. Eu só queria sentir alguma coisa.

Tem alguma coisa muito errada comigo. Está tudo muito errado.

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