terça-feira, 14 de abril de 2009

Asas Machucadas


_____Um anjo caído. Em uma de suas asas uma cicatriz, mas ele insistia em voar, apesar da dor. Apesar da culpa. Não havia recompensa no céu, mas a saudade e o hábito mantinham a sensação de lar que ele sentia entre as nuvens. Por enxergar tudo a distância, ele as vezes sentia-se cego por não enxergar direito algumas pessoas que muito prezava. Quando via dor, sentia-se culpado por não poder ajudar. Mas era essa a sua sina, um mensageiro sem arbítrio. Uma culpa sem remorso... mas sem espiação.


_____Então esse anjo apareceu a mim. Havia uma máscara nele, mas não como se ele estivesse usando a máscara e sim como se ela fosse parte dele. A sua voz chegou até mim triste, porém convicta. E disse que poderia responder uma pergunta, uma única pergunta. Antecipando minha dúvida, ele disse que ficaria ali até que eu soubesse o que perguntar.


_____Foi com surpresa que ele me viu perguntando sem hesitar: ¿Por favor, me diga quem eu sou.?


_____E desde então eu escuto o barulho das asas dele no sol da manhã, nas gotas da chuva, nos meus suspiros velados e nas ventanias que sopram atravessadas. Não sei se ele vai ir embora quando responder a pergunta, ou mesmo se ele já a respondeu e eu não entendi. Sei que me sinto melhor com ele por perto. Talvez, sabendo que não podia responder, ele tenha decidido me acompanhar até que eu encontrasse a resposta, por causa do ‘por favor’. É possível, ainda, que eu já tenha a resposta e que nossos caminhos continuem andando juntos porque temos muito a aprender um com o outro.


¿Quem poderia dizer com certeza o que se passa na cabeça e no coração dos anjos de asas machucadas.?




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