sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

No more fears


Ao som de 3 doors down - Here without you

___Conversas em inglês depois das 4 da manhã são perigosas. Depois do meu pedido de desculpas, fica meu agradecimento. Há pessoas que me deixam bem pelo simples fato de existir. Foi uma madrugada como nos velhos tempos. Tudo pode acontecer quando são 3 da manhã e eu abro a janela e aumento o volume.
___Mergulhei de cabeça no mundo das palavras. Entre um versículo e outro eu presto atenção nas palavras do gato e da raposa. Alice nos país das Maravilhas é um livro de frases de efeito, e o Pequeno Príncipe é um livro de lições de vida. Mesmo com essa diferença primordial, encontro sabedoria nos comentários do gato e nos conselhos da raposa. De qualquer forma, estou bem mais concentrado no que eu escrevo do que no que estou lendo. E penso bastante no passado. Às vezes o nosso passado é a única coisa que nos define com clareza.

___Eu lembro que a minha mãe me arrastou para fazer compras. Ela sempre fazia isso. Acho que era uma maneira de tentar compensar a fata de convívio que a gente tinha. Se eu me comportasse direito ela me levava até uma loja de doces. Essa era minha recompensa por ser um folho dócil e uma criança tranquila. Mal havíamos chegado e ela encontrou uma amiga do outro lado da loja. Foi até lá para conversar e me deixou ali parado. Levou algum tempo, mas finalmente percebi que estava só. Eu o todas as prateleiras cheias de balas. Um vida inteira de sonho, e ninguém para me ver. Ninguém para me deter.
___Quando a minha mãe voltou, encontrou-me parado lá, tremendo, com as bochechas vermelhas e os punhos tão cerrados que quase sangravam. Como eu queria pôr as mãos em quantos doce pudesse, encher os meus bolsos e depois sair dali e me encher de bala até não poder mais. Só pararia quando estivesse absolutamente saciado..
___Mas eu tinha medo. Medo de ser descoberto. Aterrorizado com a perspectiva de que jamais me deixassem entrar na loja de novo, de não ser capaz de engolir doce bastante ára ser feliz para sempre. Tinha medo.
_____Não tenho mais.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

A era da inocência acabou

Ao som de: Lenine - Paciência

O importante é o ritual, e não a data em si. Eu mesmo comemoro o ano novo pelo calendário chinês. E se pudesse escolher viveria pelo calendário Maia. De qualquer forma estou num dilema entre vida e morte muito grande. A Morte é um signo e tanto, além de uma amiga insubstituível. Assim como acho que o palhaço é um símbolo melancólico, acho a Morte um símbolo do nascimento. O ankh é representa um ciclo. Reviro as gavetas da minha cabeça e na última delas, a mais próxima do coração, encontrei esse texto, que escrevi com letra borrada e a mão tremendo. Posso não estar escutando o que me dizem, mas eu escuto o meu coração. E que o controle volte para as mãos de quem tem que controlar. Pelo menso agora eu sei para quem estou escrevendo. Denovo, eu peço desculpas, mesmo sabendo que vc já me desculpou.

É pra sempre

Tive um amor, de beleza inconfundível,
que deixou-me criar alguns sonhos
escrever alguns poemas e voar longe
Por caminhos criados por um Vento louco...
Ele pontuou vírgulas, reticências, chorou
Esperou cada segundo,
Rezou do jeito mais profundo
- foi mais do que querer e ter -
ansiou e sentiu todas as coisas do mundo.
E esteve sempre solto na vida
E em tudo.

Era um amor que conhecia segredos
Que quando fraco, não perdoava
Depois se comovia, buscava e entendia
E, esquecendo, melhorava.
Depois era um amor carente
E sentindo saudades esquecia as horas;
Infinito e imortal.
Não mais no meu coração ele cabia.

Pois este amor foi meu
Teve medo porque fui fraco
E, quando chorou,
Era dos meus erros que se emprestava.

Foi completo
E de todos o mais intenso
Meu...
O meu suporte
Ainda que distante do que é real.
Entendia mais que os sábios
Com as minhas peculiaridades
Eu lhe dava autenticidade
E na sua experiência foi que encontrei
Toda vida e beleza
Toda minha felicidade

Eu sei dos anjos,
Sei das rosas e das estrelas
Eu conheço os olhares
Posso explicar mil coisas
E sentir outras tantas mais.
Onde quer que eu ande
Com tudo eu ouso aprender
E a todos eu posso ensinar.

E quando não fiz mais o que fazia
então recebi o amor que ainda não tinha
Ah, esse amor.
Deu-me o que eu não alcançaria nunca sozinho

Mas o meu amor também sentiu tristezas
Este velho sábio foi inocente
Como a noite que desconhece o sol
Como um céu ainda sem estrelas
Assim como as coisas puras
Eu o libertei tanto
E acabei preso em mim
Eu me esforcei muito, mas foi inútil..
Ele foi mais do que eu poderia entender.

Resolvi então abrir os olhos
Deixando as lágrimas fluírem
Tentei lavar a alma com a força que eu ainda possuía
Senti o meu coração pequeno, amargurado,
Despedaçado...
Meu coração como um riso triste de um palhaço

As músicas estavam vazias, pobres e sem melodia
Hoje são palavras perdidas
Que não falam mais de mim
Agora, desconheço o amanhã
Aos poucos entendo o ontem
Com as quedas nesse ensaio de hoje
A vida é mesmo uma peça teatral
E eu vejo os atores, num ensaio rápido
Não buscando, como eu, a perfeição
E ironizando o grande texto
Da melancolia do meu coração

A minha dor será sempre a mesma
mas não sei se aprenderei a dominá-la
E ainda que eu crie, todos os dias, um novo traço
Eu não entendo a pintura que faço
Eu misturo a dor - que é óleo na tela
Com esse tom de amor-cor-ouro
E nunca sei o que um rouba do outro
E percebo pálida a minha aquarela.

Tornam-se pequenas todas as letras
Estão vazias de significado as estrofes
E cada sentimento é tão pouco
A poesia já é piada
Mas o meu riso sai com gosto amargo,
fraco e envergonhado.
E não se descreve o amor
Tolice minha tentar contar
O amor só se pode sentir
Se há um entendimento;
ele mesmo buscou se explicar.

Mesmo que eu tenha sofrido
Sem saber por que aceitar
Eu deixo que a história permaneça
Um dia eu tive um amor
E mesmo que machuque meu peito,
Talvez um dia, mais tarde
Talvez com risos ou em soluços
Eu vou contar
que um dia eu tive um amor
Que eu o fiz fugir sem notar
que era muito - ou tudo - que eu tinha
E que ainda assim,
Eu quis deixá-lo voar.

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Para você nunca fiz apenas versos
Nunca estive, apenas, contigo
Estive em tudo que rodeava.
Em tudo, envolto das tuas coisas
Na tua face que lembrava a minha
quando eu me olhava no espelho.
Na música que invadia o meu quarto.
Quando escrevia versos
Eu não os fazia, apenas
Eu era a letra, a rima, o tema
Eu era você dentro deles.