Tem dias que é foda. E ali parado com o Virgílio na mão eu percebo que preciso tirar forças de onde não tem. Penso no sorriso da Claudia e sinto meu coração tremendo. Estar tudo bem e eu não me sentir como se estivesse tudo bem faz com que eu me sinta um merda. Eu briguei com o Único Acima e o Diabo me deu férias, mas ainda assim um anjo e um demônio andam por aqui comigo. Eu normalmente falo com eles em latim. Não que eles só entendam isso, mas eu não tenho mais com quem conversar. Não visito a Padre Mário tanto quanto gostaria. Apesar do latim, quando a coisa fica feia eu rezo o pai nosso em espanhol. Adoro a arrogância das orações católicas, cheias de ordens.. E tanto o anjo quanto o demônio entendem que eu preciso de ajuda, que sozinho eu não dou conta. Que carregar os escombros de uma vida me sobrecarrega. E eles me pegam pela mão. E então eu volto a ser só uma criança inconsequente que não tem medo do parquinho. Eu não estou mais sozinho. E eu sei bem como esse parquinho funciona. O que eu não sei é desistir.
E o Virgílio toca sozinho me carregando nas costas. Ter alguém que sente orgulho de mim é deveras estranho. Há serventia nas minhas asas. Pena que elas não ajudam pra dormir.
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