segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Vai vendo... mas fica

         Perto do balcão eu ouço um som mais do que familiar: o bater de asas  do Ismael. O mesmo som que eu tento emular com meu suspiro/sorriso/soluço. Sei que já tive mais cerimônia para falar com ele, mas falei a única coisa que estava na minha cabeça naquele momento: - Ela manja do chamamé. Na verdade eu estava pensando numa parte de uma música do Jayme Caetano. "Misto de diaba e de santa, com ares de quem é dona. E um gosto de temporona que traz água na garganta."

        E ali a gente ficou olhando nossa responsabilidade. A parte que nos cabe nesse latifúndio. Senti ele me olhando e sabia do que se tratava. A frase não é minha, mas usar ela contra mim faz muito sentido. Um tenista - tinha que ser um tenista - certa vez disse que "As vezes você joga bem e perde". Nunca esqueci dessa frase. E naquele momento eu inegavelmente estava dentro de um jogo que não poderia ganhar. Mas antes de me entregar eu ainda olhei pra ele falei fieri potest. Confiar nas asas nos une de uma forma única, embora a gente use nossas penas pra fins bens diferentes.

          Vai com medo mesmo. Eu sei que mais uma vez vou perder. Eu sei que vou acabar sem nada e sem ter para onde correr. Mas a verdade é que eu não sei fazer o que faço de outro jeito.  É só um boneco de palitinhos que teima em subir a montanha pra continuar pulando. A queda dói, mas o tempo que eu passo no ar justifica qualquer coisa. Talvez em um outro lugar, uma outra vida... não sei... talvez eu encontre meu lugar no céu.

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