O despertador toca e de alguma forma eu já estou acordado. Me espalho na cama e deixo o lençol gelado fazer meu corpo entender que está na hora de levantar. Não é suficiente e eu preciso de muita força de vontade pra me arrastar até o banheiro de olhos ainda fechados pra tomar um banho. A agua não cai gelada, mas ela está longe de estar quente. Me agasalho pouco com um roupa de mendigo e saio pra pedalar. ¿Que espécie de pensamentos me trouxeram até aqui? Por que diabos eu gosto desse frio e dessa chuva fina nas madrugadas.? Queria lembrar que mês os franceses chamam de brumário. Menos de 500 metros depois o frio já chegou nos meus ossos. A garoa gruda na pele mas eu mantenho minha parte do trato com a chuva: não abaixo a cabeça. Quando meu corpo tenta reclamar eu pedalo mais forte até o cansaço e a dor nas pernas ofuscarem qualquer tentativa de sentir pena de mim mesmo. Às vezes eu pedalo 2km. Às vezes eu pedalo 20km. Às vezes eu persigo idéias, as vezes eu fujo de pensamentos ruins. Com a cidade vazia eu me sinto mais livre. Existe uma rua onde os anjos falam comigo e eu escuto eles melhor quando é madrugada e a cidade inteira dorme.
Várias gripes me ensinaram da pior maneira o que o suor faz quando esfria no corpo da gente. A água pro chimarrão ferve enquanto eu tomo um banho quente. Ainda falta um tempo até o amanhecer e descansar, como se sabe, é ir fazer outra coisa. Toco um baixo desplugado sem fazer muita força. Depois de 20 anos tocando, acho que consigo imaginar as notas e ouvir elas na minha cabeça. Mas não me engano, é um mero exercício para os meus dedos.
A tendinite me lembra que amanheceu e que tenho outra empreitada para me punir. Sento em frente a um maldito quebra cabeça e preciso segurar as peças com a mão esquerda e forçar a vista para seguir em frente. Andar mancando na direção certa ainda é melhor que sair correndo na direção errada.
Temos tanto ainda por fazer. Eu admito que fico triste quando penso que vou ter que fazer tudo sozinho. Mas a solidão ainda é melhor do que colocar outra pessoa dentro do meu inferno.
Várias gripes me ensinaram da pior maneira o que o suor faz quando esfria no corpo da gente. A água pro chimarrão ferve enquanto eu tomo um banho quente. Ainda falta um tempo até o amanhecer e descansar, como se sabe, é ir fazer outra coisa. Toco um baixo desplugado sem fazer muita força. Depois de 20 anos tocando, acho que consigo imaginar as notas e ouvir elas na minha cabeça. Mas não me engano, é um mero exercício para os meus dedos.
A tendinite me lembra que amanheceu e que tenho outra empreitada para me punir. Sento em frente a um maldito quebra cabeça e preciso segurar as peças com a mão esquerda e forçar a vista para seguir em frente. Andar mancando na direção certa ainda é melhor que sair correndo na direção errada.
Temos tanto ainda por fazer. Eu admito que fico triste quando penso que vou ter que fazer tudo sozinho. Mas a solidão ainda é melhor do que colocar outra pessoa dentro do meu inferno.