Parei de brigar com o frio e cheguei num ponto em que ele me consola. O ar gelado me mantém alerta, na mesma proporção que o cansaço me desanima.
Toco Oasis e Artic Monkeys como quem usa um band-aid numa perna amputada. Não resolve muito mas a verdade é que aceitei mais do que nunca que há coisas que eu realmente não posso consertar. E talvez existam coisas que eu não queira consertar. Não adianta nada eu teimar e me apegar ao que já não é. Castelos de areia são feitos para serem destruídos, mesmo aqueles com um palitos de picolé no meio deles. Eu devia ter deixado a corrente me levar em vez de ficar teimando em atravessar o rio. A margem oposta é bem diferente do que eu me lembro dela.
Olhando para trás, o que começou com uma fuga agora é mais um rito de passagem. E da mesma maneira que antes eu não sabia do que estava fugindo, agora não tenho a menor ideia de onde isso tudo vai me levar.
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