Com o tempo, fui me especializando em maquiar o que eu queria dizer com metáforas e coisas que só pessoas específicas entenderiam. Era eu brincando de ser inteligente. Fingindo que entendia de sentimentos de forma que o resultado final era o mesmo de dar um ábaco para um chimpanzé. Mesmo com a ajuda do acaso, muitos planos deram errado e eu precisei aprender a lidar com nãos, com rejeição e com hipocrisia conforme ia ajustando o curso. Sei que muito disso foi por causa do personagem que deixei existir pra me defender, mas é o preço. Gosto de pensar que fico na vida das pessoas enquanto sou necessário. Na teoria isso é muito bom, mas dói saber que mesmo querendo muito alguém na minha vida, não sou mais necessário.
Eu também já escrevi porque certas coisas foram demais e arrebentaram o emaranhado mal costurado de água salgada e areia que eu uso como coração. E escrevia por manter uma esperança burra de que em algum lugar alguém poderia ler minhas palavras e dividir comigo o que eu não teria aguentado sozinho. com eu tempo eu fui desistindo de pedir ajuda por que percebi que, em algum lugar, havia alguém muito melhor do que eu em organizar o caos e que sempre colocava no meu colo exatamente o que eu estava precisando. E eu acabava me consolando, seja com carinho ou com uma surra.
E agora aqui estou eu, sem saber porque escrevo, no auge da minha empatia descalibrada. ouvindo a música que a Sofia dizia que era minha muito antes de eu me identificar com ela. Um ciclo termina e um ciclo começa. Existe uma alquimia que vai guiando quem entende os sinais. Eu sempre procuro seguir esses sinais quando eles me mandam para um determinado lugar ou uma determinada pessoa. Estou com medo. Estou com o mesmo medo qua fazia os anjos e os demônios discutirem: não sei se sou bom o bastante. No fim vou fazer o que tenho feito a anos, me preparar, ter um plano e ser tão bom quanto for preciso que eu seja. Nesse mundo ou no velho.
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