sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Alguém prá cuidar de mim...


Ao som de: Caetano Veloso - Caracóis


É hora de ir pro leste. Encontrar o mar e acalmar um pouco meu coração.
Na bagagem levo um baixo, um metrônomo e dois livros. Há um trauma que preciso perder.

Volto ano que vem. Se tudo der certo, vou estar no mar para, de novo, ver ondas cheias de estrelas.

Levo também uma agenda para escrever sem ordens de páginas.
Eu não escrevo porque alguém lê... eu escrevo porque preciso.



Ano passado falamos sobre paz e sobre buscar um sentido enquanto a sorte andava pela areia. Esse ano podemos falar sobre força.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Realmente, não poderia ser mais simples

Ao som de: Stu Ham - Nostalgia

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Porque eu estava deprimido, e a ausência de sentido dos meus dias estava me enlouquecendo. Porque eu queria saber como era o mundo fora da nossa bolha de falsa segurança, já que ela não me servia mais.. Acabei gostando do que vi. Acabei vendo que as coisas podiam ser melhores do que festa de segunda a segunda e que se eu não fizesse nada por mim, ninguém iria fazer. E me fechei porque estava meio decepcionado com tudo, principalmente comigo mesmo... por ter negligenciado minha existência por tanto tempo. Porque cansei de falar e resolvi fazer.

_____Eu não entendo. Sofri muito, mas consegui terminar uma história que me fazia definhar. Comprei um amplificador novo e já juntei quase toda a grana para comprar um baixo novo. Há uma pilha de livros bons espalahados pelo meu quarto. Durmo pouco para acordar cedo e estudo 5 horas por dia. Tenho dois empregos e mais os shows que faço. Trabalho com a coisa que mais gosto. Parei de fumar e de beber, me permitindo apenas algumas excessões. Estou sempre tentando controlar minha arrogância, raramente minto e tomo todo cuidado possível para não magoar as pessoas ao meu redor. Eu me olho no espelho e me reconheço num sorriso leve e autêntico. Realmente não sei onde posso ter errado.

_____Enfim, eu queria ter alguém com quem conversar, alguém que depois não usasse o que eu digo (ou escrevo) contra mim. Alguém que pudesse entender minha felicidade infantil por ter descoberto porque um Db7 funciona como dominante num campo harmônico de Dó maior. Alguém que não confunda diferente com errado. Alguém que soubesse que já tomei na cabeça vezes suficientes para aprender a pensar por mim mesmo, sem que ninguém envenene meus pensamentos ou minhas ações.

_____Eu saí em busca de mim mesmo. Em busca de algum sentido e de uma evolução. Afastar-me de alguns e aproximar-me de outros foi consequência.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Summer nights

Ao som de: Placebo - Every you, every me

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Um dia corrido, com crianças testando muito a minha paciência. Calor, o infernal calor de Porto. Na volta pra casa ouvi Piazzola e tudo voltou para o caminho. E meu caminho me levou até um par de pés pequenos, e eu fiquei ali sentado no chão, com um balão na mão como se não houvesse amanhã. Como se toda alegria do mundo soprasse junto com o Vento.

_____Há fogueiras pequenas e fogueiras grandes. E há o meu trabalho.

_____Agora eu tenho toda confiança que preciso. E sei que meu coração ainda consegue bater atravessado.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A percepção é mais agradável do que a realidade.


Ao som de: repertório salve ferris


_____No casamento da semana passada eu inventei uma motivação que não tinha nada a ver comigo. E no decorrer da festa, apareceram motivos ainda melhores. e eu pude fazer o meu trabalho e tudo aconteceu de uma forma muito boa, até melhor do que eu merecia.

_____Para o Natal, pensei em fazer a mesma coisa, mas tudo é incerto. Acho que vou ter que fazer o show e a festa por mim. Não que isso seja ruim, mas não queria ficar fechado em mim mesmo.

_____É uma discussão meramente acadêmica: eu sempre me fecho em mim mesmo no Natal. Embora sempre haja espaço para alguns sorrisos sinceros. E algumas tequilas.


quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Alta a longe cognoscit


Ao som de: Minha mãe relamando que eu fiquei "batendo" no baixo a noite inteira


Eu não tenho medo de ondas gigantes, nem de água suja. Eu tenho medo de água rasa.

E isso não é soberba. É uma escolha... e na minha escolha reside meu poder.

O campeonato de ironias segue disputado...


Ao som de: Live - Pain Lies on the riverside


Ok, vcs me convenceram.
Nada poderia ser mais justo.

Eu mesmo profetizei isso, sem me dar conta da gravidade do que foi dito.

A verdade realmente me libertou.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Nada sairia do lugar que já estava

Matanza: Todo o cd

_____"Autista por opção" é uma comunidade no orkut que fiz questão de entrar.

_____Passei o dia inteiro tocando baixo sem me preocupar com muita coisa. O clima de final do ano está aí e a correria parece estar finalmente acalmando. E procurando músicas para tocar no natal, essa do matanza me chamou a atenção. Se rolar no show do natal, faço questão de cantar.



_____Nos meus relaionamentos com as pessoas acabo sendo racional demais, quase maquiavélico. Há um caminho que por um lado vai do regozijo puro e simples até uma questão de agradecimento. Por outro um nuvem de asco entre minha educação, meus interesses e a necessidade de convívio pacifico. O ponto de equílio deveria ser meu bom senso. Mas como usar de bom senso quando não se tem compaixão nenhuma.? Não consigo sentir pena. Não me preocupo realmente com quase ninguém. Se o mundo fosse meu, ninguém se magoaria, as pessoas seriam confiáveis e ninguém falaria mal de ninguém pelas costas. Como o mundo não é meu, eu tento ajudar quem se ajuda, ignorando quem não faz nada por si. Considero isso uma forma de manter a justiça que eu tão cegamente defendo.

_____Estou no meio de um fogo cruzado bem divertido. E, graças a Deus, estou conseguindo ficar de fora. Há tanto por fazer, mas enquanto assisto Piratas do Caribe na madruga, percebo que a velha questão de ser justo ou não volta de vez enquando, junto com meu medo, que anda rondando.

_____Meu mestre Jedi foi muito claro: quem anda com porcos come lavagem. Cada um escolhe o que quer, se quer ser porco, cavalo, avestruz ou urubu. Eu sei que escolhi não comer mais lavagem. Meu coração também já deu o seu recado: as experiências iam continuar se repetindo por quantas vidas fossem preciso até que eu aprendesse o que não queria aprender. E então eu parei de passar por determinadas situações para ultrapassá-las. E deixá-las para trás. É um alívio indescritível.

_____Pelo que me consta, continuo com o mesmo pedido que fiz antes de ir dormir pela segunda vez na manhã do dia do casamento. Pedi serenidade para assimilar qualque acontecimento sem me abalar, coragem para fazer o que fosse necessário e discernimento para saber qual era o meu lugar. Carreguei no colo por alguns segundos quem estava me carregando desde a noite anterior.

_____No fim é só um post meio reflexivo e insignificante enquanto eu me pergunto se novamente escreverei numa agenda enquanto estiver na praia. Mas talvez a pergunta não seja essa.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Ainda leve

Ao som de: Cake - Confort Eagle

- Por que vc demorou tanto.?
- Resolvendo coisinhas, mas você também demorou.
- Você me pediu para ficar longe ontem, lembra.?
- Sim, e eu te agradeço por ter feito o que pedi, foi importante.
- Como foi a noite.?
- Mágica, me lembrou aqueles nossos dias no mar, onde tudo parecia estar no lugar certo.
- Por que esses sorrisos enquando chora.?
- Não são lágrimas, são só gotas de chuva.
- Eu conheço bem cada uma das gotas que caem.
- Sim sim, foi força do hábito. Não sei como explicar o que sinto em palavras. É como se eu de repente tivesse tido uma idéia que fosse mudar todo o resto. Prá deixar tudo mais claro e mais simples. E então eu choro prá limpar a alma.
- E porque isso.?
- Eu sempre falo da importância da minha postura. Minha postura mudou. Não carrego mais fardos que não são meus e culpas que caíram no meu colo. Leveza.
- Mas eu ainda vejo mágoa em ti.
- Sim, nada é tão simples nesse jardim. Mas eu não estou sozinho. Há muitos mestres no caminho.
- Há algo de dirente em você.
- O nome disso, minha amiga, é felicidade. Sei bem que ela não é definitiva. Mas, parece justo que um guerreiro comemore uma vitória depois da batalha. Você pode ficar aqui comigo.? É justo que a gente comemore aqui nesse cantinho do meu mundo enquanto a próxima batalha não chega.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Eu brindei pelo discernimento


Ao som de: Diana Summer - Hot Stuff


Noite perfeita. Ponto.

E no final de tudo, mesmo cansado e bêbado, considerei que eu merecia um bom chimarrão na janela. Enquanto agradecia por tudo ter saído como saiu, por eu ter conseguido cumprir o trabalho que me propus e, principalmente, por estar muito melhor do que eu mereço estar. Ironia por ironia, hoje a melhor foi minha.

Verde... quente... erva... ventre... dentro... entranhas
Mate amargo noite adentro estrada estranha

Mãos e coração, livres e quentes: chimarrão e leveza
Mãos e coração, livres e quentes: chimarrão e leveza

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A lua sempre estará linda no céu.

Achou que eu não ia dar bola né.??




Prá mim e importante.
Por que é justo.
Por um sorriso que não cabe em mim de tão contente.
E porque eu não preciso falar nada.

Feitiços


Ao som de: Maná

Existe um lugar onde as coisas mais absurdas fazem sentido. Onde a vida pulsa em toda madrugada. Onde um JCM 900 é batente de porta e um Gianini sem trastes é chamado de pau velho. Um lugar onde cartão telefônico vira palheta e colegas de trabalho acabam virando amigos. Um lugar onde o tempo passa rápido entre dias e noites, sem distinção. Um lugar onde fui chamado de homem de conhecimento. E acabei me lembrando de um trecho de um livro de páginas bem amareladas.

- Quando um homem começa a aprender, ele nunca sabe muito claramente quais são seus objetivos. Seu propósito é falho; sua intenção, vaga. Espera recompensas que nunca se materializarão, pois não conhece nada das dificuldades da aprendizagem.

“Devagar, ele começa a aprender... a princípio, pouco a pouco, e depois em porções grandes. E logo seus pensamentos entram em choque. O que aprende nunca é o que ele imaginava, de modo que começa a ter medo. Aprender nunca é o que se espera. Cada passo da aprendizagem é uma nova tarefa, e o medo que o homem sente começa a crescer impiedosamente, sem ceder. Seu propósito torna-se um campo de batalha."

“E assim, ele se depara com o primeiro de seus inimigos naturais: o medo! Um inimigo terrível, traiçoeiro e difícil de vencer. Permanece oculto em todas as voltas do caminho, rondando à espreita. E se o homem, apavorado com sua presença, foge, seu inimigo terá posto um fim à sua busca.”

- O que acontece com o homem se ele fugir com medo?
- Nada lhe acontece, a não ser que nunca aprenderá. Nunca se tornará um homem de conhecimento. Talvez se torne um tirano, ou um pobre homem apavorado e inofensivo; de qualquer forma, será um homem vencido. Seu primeiro inimigo terá posto fim a seus desejos.
- E o que pode ele fazer para vencer o medo?
- A resposta é muito simples. Não deve fugir. Deve desafiar o medo, e, a despeito dele, deve dar o passo seguinte na aprendizagem, e o seguinte, e o seguinte. Deve ter medo, plenamente, e no entanto não deve parar. É esta a regra! E o momento chegará em que seu primeiro inimigo recua. O homem começa a se sentir seguro de si. Seu propósito torna-se mais forte. Aprender não é mais uma tarefa aterradora. Quando chega esse momento feliz, o homem pode dizer sem hesitar que derrotou seu primeiro inimigo natural.
- Isso acontece de uma vez, Dom Juan, ou aos poucos?
- Acontece aos poucos, e no entanto o medo é vencido de repente e depressa.
- Mas o homem não terá medo outra vez, se lhe acontecer alguma coisa nova?
- Não. Uma vez que o homem venceu o medo, fica livre dele o resto da vida, porque em vez do medo, ele adquiriu a clareza... uma clareza de espírito que apaga o medo. Então, o homem já conhece seus desejos; sabe como satisfazê-los. Pode antecipar os novos passos na aprendizagem e uma clareza viva cerca tudo. O homem sente que nada se lhe oculta.

“E assim ele encontra seu segundo inimigo: a clareza! Essa clareza de espírito, que é tão difícil de obter, elimina o medo, mas também cega."

“Obriga o homem a nunca duvidar de si. Dá-lhe a segurança de que ele pode fazer o que bem entender, pois ele vê tudo claramente. E ele é corajoso, porque é claro; e não pára diante de nada, porque é claro. Mas tudo isso é um engano; é como uma coisa incompleta. Se o homem sucumbir a esse poder de faz-de-conta, terá sucumbido a seu segundo inimigo e tateará com a aprendizagem. Vai precipitar-se quando devia ser paciente, ou vai ser paciente quando devia precipitar-se. E tateará com a aprendizagem até acabar incapaz de aprender qualquer coisa mais”

- O que acontece com um homem que é derrotado assim, Dom Juan? Ele morre por isso?
- Não, não morre. Seu inimigo acaba de impedi-lo de se tornar um homem de conhecimento; em vez disso, o homem pode tornar-se um guerreiro valente, ou um palhaço. No entanto, a clareza, pela qual ele pagou tão caro, nunca mais se transformará de novo em trevas ou medo. Será claro enquanto viver, mas não aprenderá nem desejará nada.
- Mas o que tem de fazer para não ser vencido?
- Tem de fazer o que fez com o medo: tem de desafiar sua clareza e usá-la só para ver, e esperar com paciência e medir com cuidado antes de dar novos passos; deve pensar, acima de tudo, que sua clareza é quase um erro. E virá um momento em que ele compreenderá que sua clareza era apenas um ponto diante de sua vista. E assim ele terá vencido seu segundo inimigo, e estará numa posição em que nada mais poderá prejudicá-lo. Isso não será um engano. Não será um ponto diante da vista. Será o verdadeiro poder.

“Ele saberá a essa altura que o poder que vem buscando há tanto tempo, é seu por fim. Pode fazer o que quiser com ele. Seu aliado está às suas ordens. Seu desejo é ordem. Vê tudo o que está em volta. Mas também encontra seu terceiro inimigo: o poder!"

“O poder é o mais forte de todos os inimigos. E naturalmente, a coisa mais fácil é ceder; afinal de contas, o homem é realmente invencível. Ele comanda; começa correndo riscos calculados e termina estabelecendo regras, porque é um senhor."

“Um homem nesse estágio quase nem nota que seu terceiro inimigo se aproxima. E de repente, sem saber, certamente terá perdido a batalha. Seu inimigo o terá transformado num homem cruel e caprichoso.”

- E ele perderá o poder?
- Não, ele nunca perderá sua clareza nem seu poder.
- Então o que o distinguirá de um homem de conhecimento?
- Um homem que é derrotado pelo poder morre sem realmente saber manejá-lo. O poder é apenas uma carga em seu destino. Um homem desses não tem domínio sobre si, e não sabe quando ou como usar seu poder.
- A derrota por algum desses inimigos é uma derrota final?
- Claro que é final. Uma vez que esses inimigos dominem o homem, não há nada que ele possa fazer.
- Será possível, por exemplo, que o homem derrotado pelo poder veja seu erro e se emende?
- Não. Uma vez que o homem cede, está liquidado.
- Mas e se ele estiver temporariamente cego pelo poder, e depois o recusar?
- Isso significa que a batalha continua. Isso significa que ele ainda está tentando ser um homem de conhecimento. O indivíduo é derrotado quando não tenta mais e se abandona.
- Mas então, Dom Juan, é possível a um homem se entregar ao medo durante anos, mas no fim vencê-lo.
- Não, isso não é verdade. Se ele ceder ao medo, nunca o vencerá, porque se desviará do conhecimento nunca mais tentará. Mas se procurar aprender durante anos no meio de seu medo, acabará dominando-o, porque nunca se entregou realmente a ele.
- E como o homem pode vencer seu terceiro inimigo, Dom Juan?
- Também tem de desafiá-lo, propositadamente. Tem de vir a compreender que o poder que parece ter adquirido na verdade nunca é seu. Deve controlar-se em todas as ocasiões, tratando com cuidado e lealdade tudo o que aprendeu. Se conseguir ver que a clareza e o poder, sem controle, são piores do que os erros, ele chegará a um ponto em que tudo está controlado. Então saberá quando e como usar seu poder. E assim terá derrotado seu terceiro inimigo.

“O homem estará, então, no fim de sua jornada do saber, e quase sem perceber encontrará seu último inimigo: a velhice! Este inimigo é o mais cruel de todos, o único que ele não conseguirá derrotar completamente, mas apenas afastar."

“É o momento em que o homem não tem mais receios, não tem mais impaciências de clareza de espírito... um momento em que todo o seu poder está controlado, mas também o momento em que ele sente um desejo irresistível de descansar. Se ele ceder completamente a seu desejo de se deitar e esquecer, se ele se afundar na fadiga, terá perdido a última batalha, e seu inimigo o reduzirá a uma criatura velha e débil. Seu desejo de se retirar dominará toda a sua clareza, seu poder e sabedoria."

“Mas se o homem sacode sua fadiga e vive seu destino completamente, então poderá ser chamado de um homem de conhecimento, nem que seja no breve momento em que ele consegue lutar contra o seu último inimigo invencível. Esse momento de clareza, poder e conhecimento é o suficiente”

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Buenos dias!

Ah, lembrei o que eu queria dizer ontem, antes de dormir e de ficar enrolando tanto..

Fico orgulhoso de saber que tenho uma flor mais forte que qualquer enchente.
Aprendi a não dar bola prá um monte de coisas que ouço. Transcendi.
Eu tatuaria a palavra 'saudade' na testa, mas só depois da clave de fá na mão esquerda.
Eu sempre vou ser solitário.
Antes que anoiteça de novo eu vou ler Dom Casmurro de novo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

3 páginas

Ao som de um suspiro

_____Eu já nem sei o que pensar. Acostumado a duvidar de tudo. Acostumado a nunca me fiar em nada. Ainda antes de ouvir Nirvana eu ja era dado a amores faraônicos, sempre dividos entre paraísos e infernos. E subidas e descidas sem escalas. Resignado sabendo que é essa a sina de um geminiano com ascendente em gêmeos e com a surpreendentemente lógica lua em aquário. Há fotos que não vejo há tempo. Há textos que não me dizem mais nada. As vezes é alívio, as vezes é culpa, mas o fato é que esqueci muita gente. Será que eu deveria dizer obliterei.?? Não creio que me seja possível viver como se certas pessoas nunca tenham passado pela minha vida. Poucas pessoas que fizeram muita diferença. Cocaína e conversas num camarim decrépito, uma dissertação sobre ser bom ou ser único. Eu escolhi ser bom. Eu escolhi plantar um jardim que nunca vai me dar folga. Por mais que eu trabalhe, nunca vou ser bom o suficiente. Ser único é hobby.

_____Luz e sombra define melhor do que cura e veneno. È impossível pensar em dualidade sem sorrir balbuciando 'Jesus, it never ends, it works its way inside.' Talvez sejam mesmo versos subliminares. Talvez eu realmente relacione frases que começam com talves com coisas das quais tenho certeza. E são chatas todas minhas certezas. Sou perdidamente apaixonado pro minhas dúvidas, por minhas hesitações.

_____Vem chegando o fim do ano e é época de apertar o reset. Ano que vem a correria vai prosseguir firme e forte. Preciso de espaço aqui dentro e para isso preciso deixar uma série de coisas para trás. Vou para a praia porque meu coração dói de saudade do mar. E porque preciso fazer um teste. Eu preciso conseguir acreditar.

_____Havia uma época em que eu escrevia 3 páginas sobre um determinado assunto antes de começar a realmente escrever. Era um processo cansativo, mas através dele eu sabia que quando chegasse a hora de escrever eu seria sucinto e objetivo. É, eu já fui sucinto e objetivo, antes de ser ambíguo e contraditório.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Para cada lugar, uma coisa


Ao som de: Jeff Beck - Superstition


Partituras para os dias que passam devagar.
Drummond para o início do outono, onde há uma brisa anunciando que dias mais frios estão por vir.
Livros clássicos para tardes de folga, crônicas da Lia Luft para qualquer hora.
Livros de música para feriados prolongados.
Clarice Lispector para minhas noites de insônia.
Érico Veríssimo para saudades da infância.
Piaget para discutir com a minha mãe.
Gabriel Garcia Marquez para aprofundar.
Osho para colocar meus pensamentos em xeque.
A bíblia como fonte de sabedoria.

O teto do meu quarto e o espelho em frente a minha mesa para ficar em paz.


Tudo porque sou muito bom em mudar de assunto. E porque a expressão "olhar para o prórpio umbigo" soa como algo pouco nobre sempre que é dita. Eu me pergunto: será que é tão ruim assim eu cuidar de mim.? Porque é pejorativo me valorizar e reconhecer o meu valor.? De que umbigo eu posso realmente cuidar se não for o meu.? O umbigo é simbolo do alimento interior, é por onde eu me nutro de mim mesmo. E isso ninguém pode fazer por mim.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Oropa, frança e bahia

Ao som de: Bon Jovi - Keep the faith

_____A grande lição do fim de semana até agora é que há pessoas que podem mudar. E há pessoas que não vão mudar nunca. Mudar, ao que parece, tem muito mais a ver com capacidade do que com a vontade propriamente dita.

_____Antes de capotar na cama ontem,toquei Clarisse inteira no violão. É incrível ver que ainda consigo lembrar da letra inteira... deve ser pela palavra 'vilipendiado'. Ou pela parte da gaiola. O fato é que realmente 'estou cansado de ser vilipendiado. incompreendido e descartado. Quem diz que me entende nunca quis saber.'

_____Dormi 7 horas e acordei com a sensação de que dormi demais. Perdi uma noite dormindo. Eu deveria estar em outro lugar.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Viver é contrapontear




À moda Martin Fierro

Aqui me ponho a cantar
Ao compasso da guitarra
Que o índio que se desgarra
Nunca mais pode parar
Viver é contrapontear
Na tristeza onde se atola
Sem jamais pedir esmola
Nem carinho, nem perdão,
Pois abrindo o coração
É que o guasca se consola

E adonde venho respondo:
Sou da pampa e do varzedo
Guri criado sem medo
De cobra ou de marimbondo
Eu sei que o mundo é redondo
No seu arrodear sem fim
Índio pobre, e mesmo assim
Me alimento com meu canto
Tantos são donos de tanto
Ninguém é dono de mim

(Talvez por ser prisioneiro
Das ânsias e rebeldias
De andar as noites e os dias
Rondando como tropeiro
Talvez por ser guitarrero
Criado sem protocolo
Desde que mamei no colo
Da mama bugra campeira
Trago a alma prisioneira
Das coisas que vêm do solo)

Enquanto houver um paisano
Que ponteie uma guitarra
Enquanto houver uma garra
No lombo de um orelhano
Enquanto houver um pampeano
Guardando o sagrado estilo
Eu hei de seguir tranqüilo
Sem galopear, não me apuro
Porque quanto mais escuro
Mais claro é o canto do grilo

E quando eu me for, indiada,
Não quero mágoa nem choro
Não vai fazer falta um touro
Há tantos nesta invernada
Um 'Deus te salve', mais nada
Quando souberem: morreu
Já podem saber que eu
Que esbanjei tantos carinhos
Ando a campear nos caminhos
O que eu quis ser e não deu
Ando a campear nos caminhos
O que eu quis ser e não deu

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Om Namah Shivaya


Ao som de: Slipknot - Duality


_____Lembro de um padre que me disse " eu vou com calma porque tenho pressa". Lembro de me definir como budista num outro emprego. E agora vejo que minha calma vai ser testada muito antes do que eu pensei. Enquanto corro, leio poesia.

Meu coração é tão pequeno...
Se você mexer nele
Ele não aguenta.

Meu coração é tão pequeno...
Não sei dizer se me derruba
Ou se me sustenta.

Meu coração é tão pequeno...
Decerto veio ao avesso
Ou mesmo inverso

Meu coração é tão pequeno...
Na palma da mão cabe ele
e dentro dele, o Universo.

-Pedro Tostes

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Uma agenda para organizar o mundo



_____O final de semana infinito prossegue. Como já era bem previsto asegunda não traz calmaria nenhuma. há muito prá ser dito.De volta para sexta-feira:

_____Ligação do Rafa Schuler prá me deixar preocupado, mas disso eu falo depois. Fui parar no revival. Nada de muito relevante. E (de novo) tentam me doutrinar. Parece óbvio que já fiz minha escolha. Música é meu trabalho. E é o trabalhao mais divertido possível, mas cheguei num ponto em que não me divirto com alguém tocando uma guitarra desafinada. Ou com bateristas que erram tempos. Ou com vocalistas que usam pastinhas. Prá simplificar tudo. Eu só quero gente que me deixe trabalhar. Permito-me algumas excentricidades como a Salve Ferris ou a outra mentira das quintas do revival, mas o fato é que não corro mais atrás de nada. A regra que eu proponho é bem simples. Não queimar mais o meu filme. E não queimar o filme de ninguém que toca comigo.

_____Bom, a tal ligação de sexta era pra avisar de um show no sábado. Correria até Porto Alegre misturado com gente grande. Um bar bem legal. E eu admito que estava com medo. Quem tem falado comigo ultimamente pode me ver usando a palavra correria com mais frequência do que eu gostaria. E por causa desse tumulto todo eu descuidei um pouco de estudar. E no sábado ficou evidente que eu preciso estudar mais. No final das contas o show em si foi muito mais um teste para os meus ouvidos do que para a minha técnica. Sinto falta de tocar com pessoas com as quais eu possa discutir sobre funções harmônicas. O problema do meu jeito de tocar não é o meu jeito de tocar em si e sim meu jeito de pensar sobre o que estou tocando. Ou não pensar. E é daí que vem uma sensação ruim, misto de preocupação, culpa e medo. A negligência sempre volta para cobrar o seu preço.

_____No meio de tudo uma agradável surpresa. Twin peaks e uma pastelina no mesmo quarto. Um gato que pensa que é cachorro. Uma banca de frutas na esquina da borges. E eu apostaria minha vida como o fruteiro vende drogas. Uma rodoviária vazia de madrugada. Amanhecer na viagem e meu coração apertado de saudades do mar. Se a noite fosse uma batalha, não seria uma derrota. Mas ensinou tanto quanto.

_____E na minha volta para Caxias choveu, só para manter o costume. Eu insisto, por mim choveria prá sempre. As conversas sérias e as correrias não vão acabar nunca. Estou indo para a cama sabendo que vou dormir 4 horas do lado de um contrabaixo. Um sorriso sereno me acompanha. Estou fazendo exatamente o que escolhi fazer.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Só...

_____Há pessoas arrogantes e prepotentes o suficiente para achar que sabem de mim mais do que eu mesmo. Como se isso fosse possível. Maldita necessiada de controle que as pessoas insistem em ter. Os grandes males são o medo e a preguiça, mas seguidos de perto por essa vontade de ter controle.

_____E eu me fecho, não é uma armadura forte, mas é coesa. Sacrifiquei resistência por velocidade.

_____Não respondi antes mas respondo agora. Sou do tipo de amigo que só ajuda quem se ajuda e, em alguns casos, quem pede ajuda. Salvo isso, cada um se destrói e se redime do jeito que melhor lhe aprouver, sem minha intromissão.

_____Com o meu chefe aprendi a pensar grande, mas sem descuidar dos detalhes. E que fique claro que eu só aprendi isso porque foram os detalhes que negligenciei aqulees que mais me machucaram.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Frases simples e despretenciosas sobre grandes assuntos.

"Se envolver de graça não tem mais graça"

- Karem Jasmim, numa ligação de madrugada pra atualizar os fatos.
Para diminuir um pouco a saudade.
Para rir de besteiras e lembrar de propagandas de chocolate.
Para reafirmar a supremcia de caxias do sul e seus moradores.
E bah.



E sucos de lajanja com hortelã.
Vermelho ou verde..

domingo, 23 de novembro de 2008

10000 compassos

Ao som de: Vitor e Leo - Borboletas

_____Uma das minhas frases recorrentes é: 'eu não sou pago pra isso.' A verdade é que raramente faço as coisas apenas porque sou pago por elas. O mais comum é que eu faça coisas que eu gosto e não receba absolutamente nada em troca. Acabei me acostumando com isso, em parte porque a grande maioria das pessoas são mal agradecidas e esquece muito rápido o que a gente faz por elas. O resto é porque não quero agradecimento nenhum, quero apenas ficar em paz comigo mesmo. E tem tanta gente que me faz um bem indescritível, o mínimo que posso fazer é retribuir. Eu uso o 'eu não sou pago prá isso' com outro sentido, porque não há dinheiro no mundo que me motive a fazer certas coisas. E o show de quinta feira, além de ser um exemplo de desapego a minha vaidade, foi uma boa mostra do que acontece quando eu faço uma coisa sem vontade. Pelo menos acabou.

_____A parte que eu mais gosto é que pensam que é sem querer. Tem muito de profissionalismo e e lógica nas minhas atitudes, mas eu sempre cuido para colocar o sentimento acima de tudo. E não me dou mais ao luxo de sentir certas coisas sem querer.

Onde eu trabalho, não tenho vida pessoal.
Onde eu sorrio leve eu me sinto em casa
Quem sorri sincero sempre tem minha atenção
O tempo me ajuda, ainda que me faça correr
Ando com calma porque tenho pressa.

É bom cantarolar músicas sobre borboletas
E não ter nenhuma recordação pedante
Ou não ter ninguém que responda por patroa
E nenhum blabla bla sobre céu de outro alguém.
De algumas coisas eu sinto falta, às vezes
Mas a leveza preenche qualquer vazio que tente se criar.
Os compassos vão passando sem que eu precise contar

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

É prá isso que sou pago...


Ao som de: Skank - Ainda gosto dela

_____Além de me cativar, ainda me dá um saco de sete belo de presente. E um motivo para ir num casamento.



Mimada e orgulhosa, mas a melhor irmã do mundo.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Genialidade


_____
Houve uma vez um menino que corria de kart. Era uma tarde chuvosa. Ele rodou duas vezes durante aquela corrida e chegou em último. Ele decidiu que nunca mais queria passar por aquela vergonha. Ele morava não muito longe de um autódromo e desde aquela tarde, sempre que ele via as nuvens de chuva sobre o autódromo, ele pedia pro seu pai levá-lo até lá para ele treinar. Esse ritual se repetiu inúmeras vezes. Anos depois, já um piloto com uma carreira consolidada, ele fez isso numa outra tarde chuvosa:



“Ser o segundo é o mesmo que ser o primeiro dos perdedores.” Ayrton Senna.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Demasiado humano.

Ao som de: Duran duran - Come Undone


Eu posso chorar assistindo sessão da tarde e posso ver alguém morrer sem sentir nada.

Não entendo certas relações humans por que não as vivencio.

Tenho a crônica dos meus grandes amores bordados num tapete no meu banheiro.

O momento mágico do meu dia é quando ergo a cabeça descendo a escada de manhã. Eu sempre sorrio. faça chuva ou faça sol, o dia é meu.

O momento mágido da minha noite é quando são 3 da manhã e eu continuo sem sono. E eu pego meu baixo e fico tocando com ele desligado. Eu fecho os olhos e escutos todas as notas. E acabo dormindo com ele do meu lado.

E eu leio Nietzche como quem lê um jornal. Leio 'a arte da guerra' e 'o príncipe' como se lesse um manual de instruções. Escuto Tool como se fosse uma canção de ninar. Vivo a vida como quem joga. E jogo como se não quisesse ganhar.

Dentro de uma camiseta do grêmio muita coisa aconteceu. Isso me faz gremista mas não faz sentir raiva do inter nem pena do juventude.

Um par de asas. Uma pena para cada pecado. Uma pena vermelha por um pecado maior. Não que eu me culpe mais por ele, mas ele foi o que mais me ensinou.

Español me balança. Gosto do som. Do cheiro de uma manta. Do sorriso. Mesmo sem tudo isso, eu ainda gostaria da língua española só por causa do Neruda e de um hipie chileno.

Meus dois lados vivem discutindo. É comum que eu me refira a mim mesmo com um "nós" em vez de "eu". O fato é que me chamo de vento quando converso comigo mesmo.

Por se hablar en Neruda:

Oda a las cosas

Amo las cosas loca, locamente.
Me gustan las tenazas, las tijeras,
adoro las tazas, las argollas, las soperas,
sin hablar, por supuesto, del sombrero.
Amo todas las cosas, no sólo las supremas,
sino las infinitamente chicas,
el dedal, las espuelas, los platos, los floreros.

Ay, alma mía, hermoso es el planeta,
lleno de pipas por la mano conducidas en el humo,
de llaves, de saleros, en fin, todo lo que se hizo
por la mano del hombre, toda cosa:
las curvas del zapato, el tejido,
el nuevo nacimiento del oro
sin la sangre, los anteojos, los clavos,
las escobas, los relojes, las brújulas,
las monedas, la suave suavidad de las sillas.

Ay cuántas cosas puras ha construido el hombre:
de lana, de madera, de cristal, de cordeles,
mesas maravillosas, navíos, escaleras.

Amo todas las cosas,
no porque sean ardientes o fragantes,
sino porque no sé, porque este océano es el tuyo,
es el mío: los botones, las ruedas, los pequeños tesoros olvidados,
los abanicos en cuyos plumajes desvaneció el amor sus azahares,
las copas, los cuchillos, las tijeras, todo tiene en el mango,
en el contorno, la huella de unos dedos,
de una remota mano perdida en lo más olvidado del olvido.

Yo voy por casas, calles, ascensores, tocando cosas,
divisando objetos que en secreto ambiciono:
uno porque repica, otro porque es tan suave
como la suavidad de una cadera,
otro por su color de gua profunda.
otro por su espesor de terciopelo.

Oh río irrevocable de las cosas,
no se dirá que sólo amé
lo que salta, sube, sobrevive, suspira.
No es verdad: muchas cosas me lo dijeron todo.
No sólo me tocaron o las tocó mi mano,
sino que acompañaron de tal modo mi existencia
que conmigo existieron y fueron para mí tan existentes
que vivieron conmigo media vida
y morirán conmigo media muerte.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Advérbio de modo antes do predicado



_____
Recebi um mail da Su que merece ser postado. Fez-me pensar. Ainda mais depois de sexta. Não tenho palavras para descrever como é bom enxergar certas coisas de fora. E é justamente nesse 'fora' que repousa uma sensação muuuito boa por não fazer mais parte de certas coisas pequenas demais para o que me proponho.

"Não quero defender as relações falidas e que só fazem mal, nem estou sugerindo que as pessoas insistam em sentimentos que não são correspondidos, em relacionamentos que não são recíprocos, mas quero reafirmar a minha crença sobre o quanto considero válida a coragem de recomeçar, ainda que seja a mesma relação; a coragem de continuar acreditando, sobretudo porque a dor faz parte do amor, da vida, de qualquer processo de crescimento e evolução.

Pelas queixas que tenho ouvido, pelas atitudes que tenho visto, pela quantidade de pessoas depressivas que perambulam ocas pelo mundo, parece que temos escolhido muito mais vezes o `nada` do que a `dor`.

Quando você se perguntar: "Do que adianta amar, tentar, entregar-se, dar o melhor de mim, se depois vem a dor da separação, do abandono, da ingratidão?". Pense nisso: então você prefere a segurança fria e vazia das relações rasas ? Então você prefere a vida sem intensidade, os passos sem a busca, os dias sem um desejo de amor ? Você prefere o nada, simplesmente para não doer ?

Não quero dizer que a dor seja fácil, mas pelo amor de Deus, que me venha a dor impagável do aprendizado que é viver. Que me venha a dor inevitável à qual as tentativas nos remetem. Que me venha logo, sempre e intensa, a dor do amor...

Prefiro o escuro da noite a nunca ter me extasiado com o brilho da Lua...

Prefiro o frio da chuva a nunca ter sentido o cheiro de terra molhada...

Prefiro o recolhimento cinza e solitário do inverno a nunca ter me sentido inebriado pela magia acolhedora do outono, encantada pela alegria colorida da primavera e seduzida pelo calor provocante do verão...

E nesta exata medida, prefiro a tristeza da partida a nunca ter me esparramado num abraço...

Prefiro o amargo sabor do `não` a nunca ter tido coragem de sair da dúvida...

Prefiro o eco ensurdecedor da saudade a nunca ter provado o impacto de um beijo forte e apaixonado... Daqueles que recolocam todos os nossos hormônios no lugar!

Prefiro a angústia do erro a nunca ter arriscado...

Prefiro a decepção da ingratidão a nunca ter aberto meu coração...

Prefiro o medo de não ter meu amor correspondido a nunca ter amado ensandecidamente.

Prefiro a certeza desesperadora da morte a nunca ter tido a audácia de viver com toda a minha alma, com todo o meu coração, com tudo o que me for possível...

Enfim, prefiro a dor, mil vezes a dor, do que o nada...

Não há - de fato - algo mais terrível e verdadeiramente doloroso do que a negação de todas as possibilidades que antecedem o `nada`.

E já que a dor é o preço que se paga pela chance espetacular de existir, desejo que você ouse, que você pare de se defender o tempo todo e ame, dê o seu melhor, faça tudo o que estiver ao seu alcance, e quando achar que não dá mais, que não pode mais, respire
fundo e comece tudo outra vez...

Porque você pode desistir de um caminho que não seja bom, mas nunca de caminhar...

Pode desistir de uma maneira equivocada de agir, mas nunca de ser você mesmo...

Pode desistir de um jeito falido de se relacionar, mas nunca de abrir seu coração...

Portanto, que venha o silêncio visceral que deixa cicatrizes em meu peito depois das desilusões e dos desencontros... Mas que eu nunca, jamais deixe de acreditar que daqui a pouco, depois de refeita e ainda mais predisposta a acertar, vou viver de novo, vou doer de novo e sobretudo, vou amar mais uma vez...

E não somente uma pessoa, mas tudo o que for digno de ser amado!"
[Rosana Braga]

E estamos vivos ainda. Nem acima nem abaixo.
Do lado... cuidadosamente.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ferroado

Ao som de: Duffy: Mercy


_____Uma correria absurda que começou na tarde de sábado, o qual seria meu primeiro dia oficial de trabalho. Foi uma incrível confusão de horários e coisas prá fazer em diferentes lugares da cidade. no meio tudo, um conversa na escada resolveu tudo e eu tive certeza de que ia dar tempo de fazer tudo, pelo menos em termos. Na noite, saí do estúdio e vim pra casa cantarolando um blues. Vi os raios de uma tempestade que estava se armando no céu. Sem me dar conta acelerei mais. A tempestade era minha.

_____E foi mais um show bom, mas que eu toquei com a cabeça bem longe. Pensando no que ainda tinha que fazer. Pensando no que queria fazer. No meio de 'with ou without you' confesso que fiquei um pouco triste. Tem uma parte da letra que diz 'and you give yourself away'. Talvez não seja a tradução correta, mas eu sempre traduzo essa frase como "Então você se dá". E eu percebo que consigo me doar por inteiro a várias coisas que faço, mas não consigo fazer o mesmo com pessoas. Talvez não sehja exatamente tristeza, talvez eu sinta pena de mim mesmo devido a essa incapacidade. Eu poderia até enfeitar esse texto falando que isso é minha naturea e tudo mais, mas seria mentira. Eu não sou assim. É medo de que se repita a mesma coisa que sempre aconteceu quando eu me entreguei para alguém. E também medo de magoar alguém que goste de mim, como normalmente acontece.

_____Eu me divido entre a vontade de ter alguém do meu lado e a certeza de que o ritmo de vida que eu me proponho não é compatível com uma namorada. E não é uma questão de tempo, é uma questão de postura.

_____Todas essas coisas eu fiquei pensando na madrugada enquanto colocava em ordem a bagunça do estúdio. Cansei o suficiente para dormir por lá mesmo, num sofá esquisito mas bem macio. Uma passada rápida em casa de meio dia prá tomar um banho e trocar de roupa: a tarde no estúdio prometia ser no mesmo ritmo da madrugada.

_____E eu começo a entender porque guardo minhas vontades prá mim. Quando falo delas e acabo tendo que mudar os planos, normalmente acontece alguma coisa e eu acabo me sentindo culpado. E, por Deus, há tanta coisa que eu quero fazer.

_____Só que agora, depois de 12 horas num lugar onde um JCM 900 é guardado atrás da porta pra ela ter onde bater e o melhor cachorro do mundo dorme no meio do corredor, eu só quero minha cama. Acho até que mereço dormir.

sábado, 8 de novembro de 2008

Estamos nos entendendo

Ao som de: Gustavo Viegas - Léxico

_____A semana foi complicada. Teve de tudo: emprego novo, terços rezados em latim, vidros estourados, mecânicos que não sabem a diferença entre esquerda e direite, bandas novas, muuuuitas músicas prá serem tiradas, vontade absurda de ficar sozinho. vontade absurda de conversar com algumas pessoas, colo de bruxa, sonhos comigo pulando a janela. As 25 horas realmente estão sendo bem utilizadas. Muitas coisas boas e muitas coisas ruins, mas ainda acho que estou no lucro.

_____E antes de sair para tocar hoje me desejaram sorte. Eu toquei prá 1000 pesoas, dei muitas risadas, vi a galera cantando a maioria das músicas enquanto o batera tocava muito... e ainda ganhei dinheiro prá isso. Ainda acham que isso é ruim.?? Ir para um bar decrépito e beber até ficar insuportavelmente chato e agarrar alguma mina só pq ela tem peito grande é melhor.? Nem argumentei, cheguei na fase na qual eu só sorrio. Eu sei. Estou aqui sentado tomando um capuccino com os pés em cima da mesa ouvindo o cd do Luís. Adoro o meu trabalho.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Frases simples e despretenciosas sobre grandes assuntos.

De vagão e revival não vive o músico.

- Cebola, vulgo Marcelo Mujen.
É autor das melhores piadas sobre o Conan,
um guitarrista meio surdo e um geminiano de extremo bom gosto.
Não necessariamente nessa ordem.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Conversas metafísicas

Ao som de: Se essa rua fosse minha

- Tu já aprendeu que a dor fica repousando na beira do rio, o que te falta aprender.?
Fiquei em silêncio. Sabia que a resposta não podia ser tão simples e que aquilo era um teste para minha arrogância. Finalmente respondi: - Não sei.
- Te falta aprender a se molhar sem reclamar, ela me disse sorrindo.
- Eu ia responder 'nadar'
- Tu realmente quer convencer os outros de que não sabe nadar.?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Egomet Austro



_____Ao som da saudade de um som que eu não saberia definir. É um barulho de várias corrêias , com cheiro de madeira queimada, um pouco de fuligem, cheiro de verde. Marteladas. Uma serra. Ás vezes milho roubado da roça do Bidi. Barulho de água. Fogueiras enormes com grimpas para comer pinhão. Cheiro de mofo das páginas amareladas de toda coleção do Júlio Verne, de todos os livros. Todos todos todos os livros. O som do balanço no galho do plátano. Eu nunca vou esquecer o barulho do balanço e o melhor carrinho de lomba. Banho de rio. Depois do terceiro eucalipto dá pular que é fundo. Uma fonte com uma caneca azul para pegar água. Um lugar a 30 metros do caos, mas silencioso suficente para ouvir o próprio silêncio. Para ouvir o coração batendo e a alma flutuando.

_____Obrigado pelo mendigo bêbado. Ele foi a melhor companhia para uma garrafa de bacardi e uma carteira de marlboro light em meses. Obrigado pela paciência e pelo silêncio enquanto eu encontrava as respostas. Obrigado pelo amanhecer com chimarrão gelado. Pela paciência. Pelo canto onde ninguém me viu. Por tudo que eu pude aprender com aquele que todos chamavam de Seu Otávio, mas que prá mim vai ser sempre o Zé.

_____Ardala... Bel... a força de vocês foi foda. Meu salve rainha em latim foi prá vocês.

_____Um chá de camomila me fez dormir como criança. E denovo eu me senti pequeno... Nos quedamos todos em paz.

sábado, 1 de novembro de 2008

Ad majora Natus


Ao som de: repertío das bandas novas


- Boa noite
- Como tu entrou aqui.?
- Aquela cerca é uma mentira. E que mundo é esse em que precisamos colocar uma cerca ao redor de uma igreja.?
- Sempre havia um bêbado ou um maconheiro dormindo no jardim. E sempre quebravam alguma coisa. Tu não tem uma cerca na tua casa.??
- 1x0 prá ti. Posso entrar.?
- O que você quer aqui.?
- Eu não estou falando da casa paroquial.
- Por que eu abriria a igreja prá ti.?
- Porque é dia de los muertos e eu não vou encontrar o que estou procurando em nenhum cemitério.
- Tu vai demorar.?
- Não sei, mas pode ir dormir, eu ainda sei abrir e fechar as portas da igreja sozinho.
...
- Não quebra nada.
- Pode deixar, apague as luzes quando sair.
...

_____Eu vi as luzes da cidade entrando através dos vitrais e colorindo meu chão. Lembrei que o vidro é uma forma de líquido. Lembrei do chão frio nas minhas costas. O teto estava escuro demais, eu não conseguia ver nada. Sentei em cima do altar como um criança fazendo uma coisa absurdamente esquisita sem ter noção de que aquilo não é normal. Acabei sentado na escada na frente do altar querendo aprender a ser raposa. E discutindo uma série de coisas metafísicas comigo mesmo. Mesmo sem mar, foi uma madrugada e tanto. Ao ato de contrição colado no confessionário continua lá, orgulhosamente amarelado. As moedas nos olhos do sudário ainda me fascinam. Mesmo ele também tem que pagar seu tributo ao barqueiro.

_____Passei na sacristia para tomar água, mas encontrei algo melhor. Ainda deixei um bilhete para o padre Mário "Tomei um pouco do teu vinho, ele continua divino. Mil vezes obrigado. Por tudo - Do teu eterno coroinha"

_____Saindo ainda rezei na frente do Túmulo do Padre Giordani como quem dá de cara com uma velha foto de um amigo que foi viajar pra algum lugar longe. E antes que as portas se fechassem eu vi a estátua de São Francisco me olhando de cima. Acenei enquanto dizia "hasta luego, Chicão", espero que eu consiga crescer o suficiente para que tu não me olhes mais de cima"

_____No caminho pra casa ainda perdi 20 minutos no revival procurando alguma coisa que eu não sabia bem o que é, mas sabia que não estava lá. Bora pra casa fechar uma defesa e jogar street fighter. A correria vai prosseguir.

_____Eu não quero respostas. Eu só quero saber o que perguntar.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

É lógico...


Ao som de: Vera Loca - Eu vou comer a Madona


_____Uma frase do compadre me fez abrir os olhos, justamente quando ele desistiu de me doutrinar: Para mim é um trabalho, para alguns é uma diversão , uma valvula de escape. São grandezas diferentes, posturas diferentes e níveis de envolvimento deiferentes. ¿¿ Como poderia eu cobrar uma postura laborial de quem só quer se divertir?? Aliás, ¿ quem sou eu para cobrar qualquer coisa de qualquer pessoa.?? Agradeço o conselho não com palavras, mas sim com a sensação de quem vai pra praia embaixo de chuva para ler embaixo de um guarda sol.

_____A correria prossegue enquanto eu conto os dias para ir prá Floripa. Vou usando minha agenda e minha organização ajuda a manter as coisas acontecendo num ritmo confortável e eficiente. Dormir não é perda de tempo, mas continua não sendo uma das minhas prioridades.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Frases simples e despretenciosas sobre grandes assuntos.

"Quem procura acha,
quem desloca recebe,
quem pede tem a preferência...
e matéria atrai matéria na razão direta de suas massas
e na razão inversa do quadrado da sua distância. "


- Tchuky Madalosso

domingo, 26 de outubro de 2008

O revival é uma vaca


Ao som de: Dream theater - Paradigm shift


_____
Deixei acumular muita coisa. Acabei não escrevendo durante a semana porque senti que estava no meio de um processo. E eu realmente não sabia onde as coisas iam parar. Vai ser um texto longo.

_____Na quarta eu acabei num bar pequeno tocando com gente grande. Foi uma boa oportunidade de colocar em prática uma coisa que eu aprendi a duras penas: humildade. Sempre acho lamentável quando fica algum músico chato na frente do palco enchendo o saco da banda pra tocar uma música. E normalmente quando a banda chama esse músico pro palco o resultado é uma bosta sonora, ou porque o cara não sabe tocar a música ou porque ele está bêbado. Eu até poderia falar sobre a bagunça no fluxo da energia, mas aí o buraco seria mais embaixo. Enfim, eu acho um saco quando fica algum mala pedindo pra tocar porque quer chamar a atenção. Na quarta fiquei na minha, até porque minha mesa cheia de papel de bala 7 belo era o melhor lugar que eu poderia estar naquela hora. Não vou dizer que foi inesperado quando me chamaram no palco, mas vou dizer que não fiz nada pra que isso acontecesse. E no final das contas o Fabrício mandou eu solar, depois se perdeu na letra olhando o que eu estava fazendo no baixo. Tenho certeza que eu estava sorrindo. Minha vaidade ficou feliz por ouvir elogios de gente séria, mas em nenhum momento eu me deslumbrei com a magia da noite. Foi uma noite muito boa pra me lembrar como um show pode ser bom e fazer bem. Queria que o Virgílio estivesse lá prá me ver, ele sentiria orgulho.

Orgasmos

_____Mas há o outro lado da moeda: um show na sexta. E eu não estava com vontade nenhuma de tocar. Eu sempre sinto que estou fazendo uma burrada quando me comprometo com alguma coisa e as outras pessoas não se comprometem da mesma maneira. E eu não sei me comprometer pela metade. Ou é tudo, ou é nada. Ensaio marcado na véspera, músicas decididas na véspera e chegamos ao ponto lamentável no qual não conseguimos tocar uma música de 3 notas. E eu me vejo lá tocando duas músicas que eu adoro de cabeça baixa. Estou pulando, estou gritando algumas letras, mas por trás dos meus cabelos eu sei que estou com vergonha. Sei que não queria estar ali. Pra mim é um show sem sentido. Nada vale a pena quando a gente não sabe o porquê de estar fazendo aquilo. Quando eu me lembro de mais ou menos 2 meses atrás, quando as quintas feiras no Revival ainda eram divertidas, parece que passou uma eternidade, que faz anos em vez de meses.

_____Peço desculpas por encher o saco de vocês com minhas lamentações sobre os mesmos assuntos. Eu ando meio down ultimamente. No meio da semana escrevi uma poesia na qual me descrevi como " um copo vazio de mim mesmo, buscando uma dose mirrada de sentido". Acho que acabei tomando essa tal dose e agora estou meio na ressaca dela. Pelo menos há um plano e algumas boas propostas de emprego num curto prazo. Pelo menos há uma fuga prá Floripa agendada prá novembro. Salve-me quem puder.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Das páginas amareladas


Ao som de: Zeca baleiro - Skap

_____Ando jogando poquer ultimamente, mas é nostalgia pura. Saudade de todos do tabuleiro, do rei ao peão.

_____Como não estou com muita vontade de escrever, segue alguns trechos dos livros que estou lendo. Aliás, de livros que eu leio de vez em quando.

"Veja o falso como falso,
o verdadeiro como verdadeiro.
Olhe para o seu coração.
Siga a sua natureza." - Buda

"Esta é uma das mais belas declarações: olhe para o seu coração. Siga a sua natureza.
Buda não está dizendo 'siga as escrituras'. Ele não está dizendo 'siga-me'. Ele não está dizendo 'siga certas regras de conduta'. Ele não está dando a você qualquer moralidade. Ele não está tentando criar um certo caráter em você, porque todo caráter é uma bela cela de prisão. Ele não está dando a você um certo caminho para viver. Ao invés disso, ele está lhe dando coragem para seguir sua própria natureza. Ele quer que você seja corajoso o bastante para ouvir o seu próprio coração e seguir de acordo com ele. 'Siga a sua natureza' quer dizer: flua com você mesmo. Você é a escritura... e escondido lá no fundo de você ainda está uma pequena voz. Se você se tornar silencioso, você será guiado por ela." - Osho


"Para mi solo recorrer los caminos que tienen corazon, cualquier camino que tenga corazon.
Por ahi yo recorro, y la unica prueba que vale es atravessar todo su largo. Y por ahi yo recorro mirando, mirando, sin alinto." - El brujo Don Juan

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Agora sim temos um plano...

Ao som de: Marcelo Camelo - Janta

_____
É incrível a quantidade de coisas que a gente consegue fazer numa madrugada. Veio a fome e eu saí para comer um X. Acabei no estúdio do César, estudando os modos gregos enquanto a Ed Morte gravava os teclados de uma música. Uma gravação de pagod enquanto o horário d everão começava. Chimarrão pra ver a fórmula 1 meio sem graça. Conversas insólitas sobre montar um bar, sobre a forma de trabalho de Deus, sobre a capa de um cd. Uma caminhada até o mercado da esquina atrás de pó de café. A Lisa é um cachorro tão afd que a gente se dá ao luxo de ficar sacaneando ela. E ela sacaneia a gente. Café forte e doce no meio de uma manhã de sol. E de novo a gente se despediu como se não significasse nada. Há pessoas formadas em músicas que não sabem onde colocar a blue note numa escala de blues. Há pessoas que ficam dias sem dormir comprometidas com o seu trabalho. E nós adoramos nosso trabalho.

_____Eu sempre me refugio naquele estúdio quando minha sanidade precisa ser posta de volta nos trilhos. Agora vejo que ali há uma paz sem tamanho também para minha alma. O sol vai nascer bem na sacada do meu quarto.

_____Essa vai ser mais uma semana corrida. Sem beber e sem fumar já faz 3 semanas. Meu fígado me mandou um lindo cartão postal. Ainda há coisas que eu não entendo mas, se ela não tem uma opinião formada, ela é completamente inofensiva.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Aula de conversação


Ao som de: Julieta Venegas Andamos huyendo


_____O som da chuva o deixa um pouco disperso. Às vezes a concentração é muito vaga.. não é fácil se concentrar. As recordações ficam indo e vindo enquanto ele tenta focar sua atenção no que está fazendo. Ele lembra das vezes que ele estava no palco tocando a músicas de sempre. Aquelas que todo mundo toca e que ele nunca tinha pensado em tocar. Ele lembra da vergonha que sentiu por não saber tocá-las. Por ficar procurando notas. Então ele pratica. Ouve as músicas e tenta tocá-las, de um jeito diferente: de olhos fechados, com o baixo deitado no colo. Procurando sons em vez de pensar em técnica. As músicas são ridículas, mas o Argentino estava certo: "tem que saber tocar". E há um vídeo, prova viva de que a displicência vem e cobra o seu preço. Ele fecha os olhos e volta para os 7 acordes que ele tem nas mãos. Não há culpa por não ter feito o melhor, mas há uma vontade de mudar o fluxo da maré.

_____E ele toca. Ele nunca mais quer sentir a mesma vergonha. Da próxima vez que os mesmo chatos tocarem as mesmas músicas chatas, ele vai saber tocá-las. Vai estar lá com um sorriso enorme, tocando poucas notas com o baixo nas costas.

_____
Ele não está estudando para tocar direito. Ele está tocando para aprender a não se levar a sério quando não for extremamente necessário. Ele está se divertindo porque ele escolheu fazer sorrindo o que os outros fazem com cara séria e pose de feeling.

_____O silêncio e a chuva soam simples e sinceros nessas noites se estudo metafísico. Ele quer soar da mesma forma. Quer ser a essência das notas que toca. Quer que todo o mundo que transita escondido por trás dos seus cabelos soe em uníssono com cada nota. E com cada silêncio.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Escolhas e tratados

Ao som de: relâmpagos ao longe e meu sino dos ventos

_____No fim de semana, mais uma fuga sem avisar ninguém. Depois de quinta e sexta no mesmo lugar, achei justo não perder meu tempo lá no sábado. Acabei em Guaporé, fazendo social com família e sendo mal atendido onde quer que eu fosse. Apesar de voltar mais cansado do que eu fui e de não ter conseguido fazer a metade das coisas que eu queria fazer lá, uma coisa me deixou muito satisffeito. Lá em Guaporé ninguém me chama de Vento. Lá sou simplesmente o Tiago, um carinha que gira palitos no nariz, que cola canetas na parede e que anda arrastando os chinelos.

_____De resto, o show de sexta ganhou sentido pelo jogo de poker com o kiko e pela conversa com o Ton, na finaleira de tudo. E só. Chegar no bar as 22 horas e fazer parte da correria para deixar o bar apresentável foi engraçado na hora, mas agora, pensando com calma, não teve graça nenhuma. Se houver um limite, as coisas estão repetidamente passando deste limite. Continuo colocando versos perdidos na mesma poesia..

_____E segue minha semana corrida. A chuva que está se armando me lembra do trato que eu fiz com o mar. Fazer por merecer. E as fotos que a May me mandou me lembram da minha escolha. Fazer sorrindo o que os outros fazem sérios.


_____Começo a gostar de francês, mas o que me derrete mesmo é alguém falando español...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A verdade nua e crua

Sábado, antes de fugir pra Guaporé eu esbocei uma poesia. Ela está adiada por enquanto. Sobre Guaporé e minha canseira sem fim eu escrevo outra hora.

Fica esse link, que define com perfeição o rumo que as coisas estão tomando.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Dentro de uma camisa do Grêmio pt 6


Ao som de Marisa Monte: O cd da capa colorida


_____Depois de mais um exagero épico eu resolvi parar de fumar e de beber. Já faz duas semanas que estou nessa viagem. Nesses 15 dias passei por 3 grandes testes: 1. O tchuky numa noite melancia quente; 2.O Di locão; 3. O Nick numa noite sem fim no aniversário dele no revival. Passei pelos 3 testes com alguma dificuldade, mas minha força de vontade continua falando mais alto. Acho que se passei por isso, posso passar por qualquer coisa.

_____Então, aniversário do Nick ontem no Revival: Subi no palco pensando em conversas do fim de semana em Veranópolis , sobre não tocar no limite e colocar detalhes que façam a diferença perdidos no meio das músicas. Fiquei com isso na cabeça e estava no palco como uma testemunha: Nos diverimos bastante, mas não me envolvi mais do que queria ou do que podia. No decorrer da noite, muita gente no palco que não precisava estar lá. Eu estava começando a ficar com raiva, disposto a sair daquele palco e de repente o Virgilio gritou "¿¿pq tu se chama de vento??". Apagar fogueiras pequenas, deixar as grandes maiores... Continue lá, tocando e vendo onde a coisa ia parar. Não fiz cara feia, mas obviamente eu me decepciono com pessoas que invadem o palco só porque querem chamar a atenção. Há excessões boas, gente que toca com um sorriso na cara. Música pela música, eu diria. De resto foi uma festa sem absolutamente nenhuma novidade. As mesmas pessoas fazendo as mesmas coisas. Olhar aquele pequeno mundinho de fora é muito divertido. Fui embora 6 e meia e o caquedo perguntou porque eu ia embora cedo. Eu me pergunto se sou só eu que me preocupo em ter uma vida inteligente no dia seguinte.

_____Pode até ser uma atitude poser, mas quando eu estou ajoelhado em cima do Virgilio tocando de um jeito bem atravessado, gritando 'we belong togheter' eu vejo minhas lágrimas caindo pra ninguém mais ver e sei que aquilo é sincero. Aquele sou eu, sem vergonha nenhuma e com quase nenhum medo. É muita coisa pra colocar pra fora.

_____A ex patroa virou consultora-para-músicas-nacionais-muito-boas. E ela me conseguiu um cd do Chico em español que provavelmente vai ser um teste mais foda do que o Tchuky, o Di e o Nick juntos. Mas bora lá, o horóscopo que eu li aleatoriamente hoje disse que eu tinha que confiar mais na minha capacidade de enfrentar grandes desafios.

_____Eu quero uma Marisa Monte prá mim.

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@Nick e João: Feliz aniversário atrasado. Grandes bateristas. Grandes amigos.



quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Culpa minha, eu sei....


Ao som de: muita coisa, enquanto penso no repertório da banda nova

_____Tem gente que vem falar comigo no msn como se eu tivesse obrigação de largar o que estou fazendo para ficar de papo furado. Reclamando cada vez que demoro mais de 10 segundos para mandar respostas. Cada coisa. Eu odeio MSN. ¿¿Por que que eu fico online.?? Porque às vezes recebo um bom dia que me faz sorrir sem pensar muito. Ou vejo pessoas importantes com as quais raramente converso. E algumas conversas de 5 minutos ajudam a manter minha sanidade nos trilhos.

_____Os companheiros de batalha as vezes são muito engraçados: Ficam fascinados pelos problemas/qualidades de desconhecidos recém chegados e decidem comprar briga com velhos conhecidos. Deve ser uma tentativa de chamar a atenção: é sempre masi fácil impressionar quem não nos conhece do que aqueles acostumados com nossas falhas de caráter. Por essas e por outras que eu me orgulho de dizer que não tenho vida pessoal, que me reservo o silêncio antes de falar da minha vida. Tenho pessoas por perto que, mesmo sendo grandes amigos, aproveitam toda oportunidade para me jogar na cara o que podem e o que não podem. Fico bem quieto. Alguns poucos sabem de tudo que precisam saber simplesmente me olhando, sem palavra nenhuma. Esses poucos me são suficientes. Amigos não julgam, como bem me disse minha flor. E passa um filme na minha cabeça. Parece que eu vou tomar na cabeça até aprender.

_____Sonhei com o Titanic, mas no meu sonho haviam nazistas atirando aleatório. Eu estava com 3 coletes na mão, dois para que ela pudesse escolher. Ela ficou com o branco, depois que eu passei pela escada rolante sem levar nenhum tiro. E gelo flutua, tanto no mar quanto nas cubas de bacardi lemon.

_____Estou bem impaciente hoje. Mas é sempre assim, quando durmo pouco e estudo muito, me torno uma pessoa bem difícil de se lidar. E o tricolor na liderança de novo. Imortal.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Frases simples e despretenciosas sobre grandes assuntos.


- Prá ti tocar jazz tu tem que pensar um acorde por vez.


Essa frase do Caldo é muito interessante. Ela reformulou meu jeito de pensar jazz. Através dela eu vi o começo de um caminho. E saber por onde começar pode ser o diferencial que nos faz começar a caminhada.

Vislumbro 3 níveis de conhecimento harmônico e sua aplicação na música. Eu poderia até dizer que esses 3 níveis podem ser aplicados na percepção que as pessoas têm (ou não têm) da própria vida, mas acho que seria forçar a metáfora.

1. Tu tem que saber onde está. Isso equivale a pensar em um acorde por vez.
2. Tu sabe onde está e prá onde está indo. Pensar o acorde que está sendo tocado e prá onde a harmonia da música está indo.
3.Saber onde está, prá onde ir e COMO ir até lá.

Estou no meio do nível 1. Muito chão pela frente.
O desafio mesmo é não me tornar uma pessoa insuportável conforme vou estudando.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A minha Pasárgada é a Babilônia

Ao som de: Zeca Baleiro

_____Dona Catariana fez cara feia, mas acabou patrocinando minha terceira ida à feira do livro. Estacionei na vaga pra deficientes e saí mancando/correndo. Dessa vez eu tinha destino certo:
Livro sobre harmonia, na livraria Dante. O autor tem sobrenome impronunciável, mas o primeiro nome era Arnold. Comprei sem pedir preço. E esbarrei no livro sobre mitologia que eu tinha perdido na segunda visita. "- Coloca esse na sacola também". E volta correndo prá vaga de deficientes, sem mancar dessa vez. Minhas visitas à feira do livro esse ano terminaram, tenho o que ler por um bom tempo.

_____Uma coisa eu aprendi nesses últimos dias: Eu acredito muito na minha capacidade de enrolar as pessoas, tanto que as vezes sempre acabo falando demais. Agora eu sei que as vezes se fazer de louco é a melhor coisa que eu posso fazer, resta apenas colocar isso na prática sem balançar a consciência. Falando em consciência, aos poucos vou ouvindo mais e mais a minha consciência. Ignorei ela por completo por um tempo, achando que ela iria me crucificar sem piedade, mas ela tem sido um apoio interessante. Minha consciência é mais flexível do que parece, me dando razão em situaçõe sque as pessoas normais começariam a me apedrejar. É bom encontrar apoio aqui dentro, em vez de quebrar a cara procurando do lado de fora.

Preciso fazer um repertório sem saber direito que músicas colocar.
Preciso estudar umas coisas sem saber por onde começar.
Isso de não saber o que fazer primeiro funciona meio como um bloqueio prá mim. Acabo procastinando enquanto posso.


Entre músicas e livros, eu ouço Zeca Baleiro e leio Osho.

"Não tenho dinheiro
Pra pagar a minha yoga
Não tenho dinheiro
Pra bancar a minha droga
Eu não tenho renda
Pra descolar a merenda
Cansei de ser duro
Vou botar minh'alma à venda...

Eu não tenho grana
Pra sair com o meu broto
Eu não compro roupa
Por isso que eu ando roto
Nada vem de graça
Nem o pão, nem a cachaça
Quero ser o caçador
Ando cansado de ser caça..."


_____E só para provar que o mundo gira e gira mesmo, recebi no MSN a seguinte mensagem do compadre, um cara que sempre entendeu que gostar de Engenheiros fosse um dos meus piores defeitos.

"Jeff... | Chá de Cevada | sab 11.10 | Revival rockbar | diz:
cara.. me da umas sugestões ai de Engenheiros pra tocar... e não ri...."


_____Nada melhor que que um clichê e um dia após o outro. O tempo e eu jogamos no mesmo time.

domingo, 5 de outubro de 2008

"The phisical boody"

Agora eu sei que se o Nirvana fosse um lugar, seria uma chácara a 7km do centro de Veranópolis.

Não tenho palavras para agradecer ao Luís, ao João e ao Alan por tanta coisa boa nas últimas 36 horas. Ensinamentos e memórias que eu vou guardar comigo para sempre. E olha que somos todos "corpos sem futuro".

Leve...
O processo continua.

sábado, 4 de outubro de 2008

Saída rápida pela direita



_____
Estou me profissionalizando em sair sem ser notado. Virar vapor e sumir quando as condiçoes deixam de ser favoráveis. Quando a festa não está mais divertida. Quando minha presença não acresenta nada. Nessa sábado fujo para Veranópolis numa insólita proposta. Meditar numa chácara no meio do nada. Sem sombra de dúvida, o melhor programa possível. Eu queria muito ir para a praia, mas o mar vai continuar lá, posso ir semana que vem.

_____Sou figurinha fácil na feira do livro, e correndo que nem criança entre uam banca e outra, perdi um livro sobre mitologia, mas comprei a Ilíada e a Odisséia para compensar. Meus presentes vieram em español: El Principito e 100 añols de soledad. Também vieram no pacote o Retrato de Dorian Gray, As flores do mal e o Mágico de Oz. Faltou alguma coisa do Snoopy, mas isso eu ajeito semana que vem.

_____Cocei-me e hesitei um bocado, mas não comprei O Germinal nem Travessuras de La Niña Mala. Nem Alice na putaquepariu. Há livros que não são prá mim. Há histórias que eu prefiro deixar terminadas e não ler de novo.

_____Volto ainda no domingo, para fazer meu papel de palhaço com a democracia. Não me importo mais com quem vai ganhar a eleição. Eu só quero que os bandeiraços e panfletos e buzinas terminem o mais cedo possível.

_____Por favor, não quebrem nada enquanto eu estiver fora.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A noite é uma sinfonia



Ao som de: Muse


_____Passo os dias esperando alguma coisa acontecer. Enquanto estudo, espero o tempo passar enquanto meu corpo e meus ouvidos vão aprendendo coisas sobre as quais não quero pensar. Já pensei muito sobre música, agora estou apenas querendo sentir. O som é mais importante do que a técnica e o silêncio é mais importante do que tudo... Enquanto almoço espero o horário eleitoral terminar para poder assistir Chapolin e e o programa da cíntia cover no SBT. Depois começo a ler já esperando o momento no qual vou ficar entediado. Ou o momento no qual alguma música interessante toca no meu computador. Então pego o Virgílio de novo e toco esperando anoitecer, ou acabar á água da segunda térmica do dia. Meus pais chegam em casa e eu sinto um certo incômodo. Acabo saindo para caminhar pelo bairro. E durante essas caminhadas eu sempre espero que chova, ou que pelo menos vente. Já em casa, depois de comer com uma pressa completamente desnecessária, eu fico esperando chegar a meia noite entre livros, partituras, meu diário, minhas poesias, minhas conversas por msn e outras coisas fúteis. Mudo o número da contagem regressiva no meu nick, olho meu planeta num joguinho online, torcendo para não ser atacado. Leio até capotar e antes de fechar os olhos já estou esperando o amanhecer, prá poder começar tudo de novo. Tudo muito diferente e tudo muito igual.

_____O acúmulo dos meus desgostos com as bandas em que toquei e com algumas atitudes das pessoas com as quais toquei me motivou a fazer uma banda. O acaso me ajudou e no final a banda já estava pronta, eu só precisei avisar os envolvidos. E eu sou o meia-boca da banda. No ensaio de segunda, eu toquei uma música cuja letra dizia mais ou menos isso:

Ele poderia ter se acertado, mas ele não se acertou
Tempos difíceis, nada poderia salvá-lo
Sozinho num corredor, esperando, trancado
Ele saiu de lá, correu e foi até o oceano

O vento se levantou, colocando-o de joelhos
Uma onda surgiu quebrando como um soco no queixo
Entregando-lhe asas, "Ei, olhe para mim agora..."
Braços bem abertos tendo o mar como chão

...

Ele flutuou de volta para baixo porque queria compartilhar
A chave para as correntes que ele viu em toda parte
Mas primeiro ele foi despido, e então foi ofendido
Por homens sem rosto, bem... Ele ainda está de pé.
E ele ainda entrega seu amor, ele simplesmente o entrega
O amor que ele recebe é o amor que está salvo
E às vezes é visto um ponto estranho no céu
Um ser humano que é capaz de voar

Voando!
Inteiro!

_____Ouvi a música sem parar no repeat. Fui arrogante e me coloquei dentro da música. As metáforas para isso eu tenho, faz tempo. De um jeito bem atravessado, eu tenho asas por causa do mar e a parte do cair de joelhos não poderia estar mais correta. E nada me chamou tanto a atenção quanto a palavra "inteiro" no refrão.

_____Acontecimentos da festa de sábado não passaram despercebidos, mesmo eu estando na festa apenas de passagem. Há um passagem bíblica que eu sei de cor e que (novamente) me parece adequada. E Eu atacarei, com grande força e raiva furiosa àqueles que tentam envenenar e destruir meus irmãos. E você saberá quem é o Senhor quando a vingança cair sobre você. - Ezequiel, 25:17". Com a minha Lechiguana ninguém vai meter a mão.

_____Os outros acontecimentos da festa de sábado também não passaram despercebidos. O diabo sempre faz pensar quando está por perto. Fui chamado de complicado por uma bailarina aquariana com ascendente em aquário. E ela me deu cigarros quando fumar era a segunda coisa que eu mais queria Foi antes das conversas sérias que me fizeram fugir do Revival. Foi antes de eu ter ponderado muito sobre o que escolhi. Como disse o Virgilio no fim de tudo: "-Eu naõ falei que ia dar tudo certo"

_____Eu, ou melhor, nós, continuamos procurando palavras para descrever o que estamos procurando. No final , sou teimoso, continuo insistindo que mais importante do que saber o que se quer é saber o que não se quer.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ainda tá valendo.??

O que liberta mesmo é saber que as estrelas que não estão no céu não me guiam mais.

Antes eu andava de cabeiça baixa, agora não perco o horizonte de vista.

E, com chuva ou com Lua, eu sei que elas sempre estão ali. Não por mim, mas comigo.

E possível que um dia eu venha a ser o terceiro. Mas, até lá, vou dar muita risada e aproveitar tudo que posso sendo o segundo. Não existe culpa no agora.

domingo, 21 de setembro de 2008

Sob chuva e neblina. Entre amigos

Ao som de: risadas do Borges

Lendo muito.
Tocando demais.
Agradecendo às palavras que são tão boas comigo.
Agradecendo por ter as melhores pessoas ao redor e por ter compartilhado com elas momentos mágicos nos últimos dias.


Permitindo-me.


Acreditando. Não tenho mais vergonha de ser o que eu sou.

E gritando 'we belong together'.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Assim, assim

Ao som de: todos os repertórios

_____A semana segue corrida. Entre escolher repertórios para 2 bandas inventadas e os 3 shows que tenho que fazer não sobra muito tempo para pensar ou fazer besteiras. Essa á a parte boa.

_____A parte não tão boa é que no meio da correria eu me sinto como um trem quase saindo dos trilhos, perdendo minha calma por besteiras e preocupado em tocar rápido. E ainda tenho que guardar dinheiro. Ou eu paro de me cobrar tanto ou vou surtar logo logo.


Show quinta no revival com a banda do Caldo Locão

Show sábado no Vagão com a Salve Ferris.

Estão todos convidados, mas alguns mais, outros menos.



Eu tenho um desejo recorrente de tatuar a letra dessa música. E de fazer um anel com o yin e yang.

domingo, 14 de setembro de 2008

Um pano úmido faz milagres

Ao som de: Várias coisas do Nico Assumpção


_____Uma faxina gigantesca no domingo. Ouvindo Jazz. Nessas faxinas a gente sempre encontra coisas das quais já tinha se esquecido. Cartas e bilhetes de todos os tipos. Fotos azuis, amarelas e de todas as cores. Não queimei nada, foi parar tudo num envelope de papel pardo. Achei um anel com o desenho de uma corrente e percebi que a única coisa de qual eu sinto saudade é do meu anel de pescador (Tá, do livro do Dalai Lama também). O fato é que o anel está no meu dedo, nem que seja apenas por curiosidade para descobrir se ele ainda vai queimar ou não.

_____Achei também uma caixa vazia. Pintada com cores, borboletas, flores e fogo. Mesmo depois de tanto tempo eu continuo não a usando porque não tenho nada para colocar dentro dela.

_____E um bagulho vermelho de que eu não me lembro o nome, não me lembro nem porque me foi dado. Eu só lembro que eu tinha que quebrá-lo. Foi lindo ver os cacos dele quando ele voou prá parede.

_____Preciso dessas faxinas mais vezes. Para não deixar tantas ruínas se acumularem no meu quarto e na minha vida. É bom olhar para minha estante ou para a minha mesa e ver indícios de organização. No fundo, essa organização é consequência de uma mudança de postura, da mesma forma que tocar mais rápido é consequência de outras coisas. Bom mesmo é olhar para mim e saber que essa organização da minha vida veio na hora certa. Está tudo diferente.


Uma poesia velha e barata.

Ruínas

No meu estojo, tantos beijos
Tantos rabiscos, passados abraços
Não os conheço a todos
E, por certo, nem todos me conhecem.
No meu coração, tantas dores
Cicatrizes, arrependidos amores
Escritos devagar e sem pena
Vividos pelo meio, sem tudo que podiam ser
Na minha cabeça, tantas lembranças
Quase boas, retorcidas saudades
Às vezes machucam, às vezes alegram
Necessidades estranhas, futuro ao inverso
Na minha mochila, asas maiores
Do tamanho do céu, falso horizonte.
Não sei mais voar aqui.
E caminho ou rastejo por dentro da minha pele
No meu amor, tantas dúvidas
Encruzilhadas sozinhas, sombras geladas
Por medo de chorar não sorrimos
Por medo de viver nos deixamos morrer.

Na minha tristeza, tantos motivos
Pouca culpa, insignificante razão
Perdido entre os outros em mim
Sozinho no fim, sem mesmo um coração.