segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Tu é o ar em movimento


          Praia, no meio da semana, só porque eu posso. E também porque precisava de sal e água pra consertar meus remendos. A alquimia estava me levando pro leste. E terminar o ano não seria nada fácil. Se nem o Diabo nem minha senhora estariam comigo, eu estava disposto a conseguir ajuda especializada.

         Deitado na rede eu senti uma sensação familiar. O mesmo sobre salto que eu sentia quando uma das minhas aranhas estava pelo meu quarto e andava perto dos meus pés descalços. Olhei pro chão perto do meu braço e vi um escorpião. Eu sabia que não ia morrer mas que se aquele merdinha resolvesse me picar iria dor MUITO. Lembrei da história da rã atravessando o rio. Acabei pegando no sono sem mexer o braço, enquanto divagava sobre o quanto precisamos ser o que somos. O quanto queremos. E o escorpião deve ter ficado ali pra se proteger da chuva. 

         Na noite seguinte, depois de um dia infinito, sentei na beira da praia antes de subir a serra, ela chegou e sentou na duna um pouco mais acima, escorando as pernas em mim. E eu achei incrível a maneira como ela conseguiu fazer isso de forma não sexual. Ela começou a mexer no celular e de repente eu percebi que ela estava fazendo a mesma coisa que eu fiz incontáveis vezes: usar as palavras das pessoas contra elas mesmas. 

        Achei ótimo estar escuro e ela estar atrás de mim. Nunca lidei bem com pessoas me vendo chorar. Ouvir meu texto em terceira pessoa e com outra voz foi estranho, mas olhando pra trás agora, percebo que era exatamente o que eu precisava ouvir. As vezes o mundo bate tanto que a gente não consegue parar pra manter o foco no meio do caos.

     Ironicamente, dias atrás eu escrevi uma carta que não mandei. Era pra uma ex namorada e falava sobre a importância de não esquecer aquilo que somos. Mais uma vez, a carta era pra mim mesmo e eu não percebi na hora. 

        Já no domingo, depois de tudo, quando eu deitei na cama, liguei pra agradecer. E eu tinha que descobrir uma coisa. Obviamente ela conhecia meu texto. Quando escrevi ele uns dez anos atrás ela já estava por perto. Mas eu queria saber que frase ela tinha usado pra pesquisar ele. E agora não paro de rir da minha própria arrogância: ela só precisou aqui e procurar por "me custa creer". 

         Eu sempre voltei pro chão caindo. E já que o céu vai ter que esperar... talvez seja a hora de aprender a pousar sem me arrebentar.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Frases simples e despretenciosas sobre grandes assuntos

"Eu gosto muito de ti. Nem parece que tu é de Caxias"



- FARINA, Diogo, 
em um dos melhores elogios que eu poderia ouvir.

domingo, 18 de novembro de 2018

Hora de costurar a esperança

           Depois de 3 dias de shows eu admito que fui para a quarta noite meio de arrasto. Meu corpo estava pedindo arrego, mas eu sabia que poderia manter meu sorriso à base de yagger. E sabia também que ia chover.

           Até que um olhar mudou tudo. Acho que disfarcei o nervosismo na voz, acho até que não enchi o olho de água quando aqueles olhos cor de céu me olharam como se eu fosse transparente. O fato é que de repente voltou tudo.

No fm de tudo ninguém me viu gargalhando sozinho na chuva. Talvez eu esteja 6 meses atrasado, talvez dez anos, mas de alguma forma, continua parecendo que tudo está acontecendo exatamente como deveria. O Virgílio voltou, voltei a me sentir em casa no palco e

Pîc Pîc

E dez anos depois eu volto a roubar flores pra deixar na porta dela.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Pra deixar de ser medroso

       Vou contar uma história. Talvez eu precise me lembrar dela depois.

       Certos shows me assustam. Eu sempre acho que sou incapaz de certas coisas, mas não dessa vez. O mundo tinha outros planos e estava cagando e andando pra minha auto estima nula. Eu ia tocar na Lucille.

       Mas antes eu precisava da minha espada e no exato momento em que eu precisei o Virgilio voltou. Um yin e yang metalizado cinza e preto. Na minha cabeça a madeira sempre vai me fazer pensar em coisas talhadas. Talhar é uma boa metáfora sobre como formamos nosso caráter. Por outro lado o metal é forjado. E forjar cabe muito melhor do que talhar no meu contexto. E cinza. Por que nem o preto e nem o branco me interessam.

       Existe um jeito de meditar no qual vc fica repetindo uma mesma palavras infinitas vezes. E chega um ponto em que a palvra perde o significado e passa a dizer exatamente o que vc quer dizer. Ou, no meu caso, toca a mesma note infinitas vezes até ela soar exatamente como eu quero que ela soe.

       E eu lembrei de tudo isso enquanto subia no palco meio correndo. Meia hora antes o Fer estava sem voz, mas já no palco ele me olhou com uma cara que eu conheço muito bem.  Ficou claro que ele ia gritar naquele microfone como se não houvesse amanhã. Não que fosse necessário. Sei bem que ele troca força por know how quando é preciso. 

       Estuda como se fosse o pior baixista do mundo e toca como se fosse o melhor. O akuma e o ken na minha cabeça. de novo. Que bom que ainda existem pontos pra serem ligados.

       Eu não sabia metade das músicas, mas não tinha tempo para ficar preocupado com isso. Na primeira volta eu ouvia, na segunda eu aprendia como tocar e na terceira eu já sabia onde estava pisando. O Mauro me salvou incontáveis vezes. Mas nenhuma novidade. Ele é desses. O Bledo batia forte e sorria...e por causa dele o groove já estava meio pronto nos meus dedos. O Fer me mantinha com os pés no chão e ria da minha cara quando eu errava. Era o maestro certo para reger tudo aquilo. Não havia mais nada que o baixista barulhento e jazzificado que mora em mim poderia querer.

        Não gritei. Não me escondi atrás dos cabelos. E percebi bem rápido que eu estava dentro da mesma mágica que eu vi de fora algumas vezes. Soar firme como um pilar, mas sem deixar de ser livre. A Fran me deixava arrepiado. Nunca deixo de me impressionar com ela.

       E essa, senhores, não foi a história de como eu toquei na Lucille. Essa foi a história de como eu lutei comigo mesmo. Essa foi mais uma história na qual eu só cheguei tão longe por estar acompanhado de gigantes.

domingo, 9 de setembro de 2018

Conexão Waterloo - Guadalajara


             Semana passada eu vesti uma camiseta do vagão e antes que eu me desse conta havia um rótulo de bacardi colado nela. O velho escudo cheio de estardalhaço. Dessa vez ele serviu para alguma coisa. Por causa dele e de um show com meus, eu percebi que estava na hora de levantar a guarda de novo. Ficar escondido num canto deixano o mundo me bater não resolveria nada. E, com uma espada nova, eu fiz um show escorado num balcão. Lembrei de algo que um inimigo me disse uma vez sobre ser senhor das minhas ações. E lembrei que certas coisas não mudam. Se me defendo batendo, é lógico que me defendo com uma espada.


              Há músicas que me desmotam. E há músicas que colam meus pedaços. Não conseguiria explicar tudo que essa música significa. E acho que não conseguiria agradecer como foi mágico tocar essa música com os meus amigos. Queria que meu pai estivesse lá pra me ver tocar. Por capricho, eu queria também a filha do seu Afonso, mesmo ela estando cansada de saber que é o meu bem querer. As outras coisas que eu queria estavam ali, ao alcance da minha mão.




              E depois mais shows, mais noites mal dormidas, ressaca pra acordar e começar tudo de novo. Normalmente eu toco no lado errado do palco da beer, na frente do quadro de waterloo. Aquele quadro já foi pano de fundo de tanta coisa. Ele testemunhou meu melhor e meu pior. Irônico pensar que justamente ele me fez lembrar do porque eu estava ali. Me fez tirar o peso das costas e simplesmente segurar um fender e ser feliz. E eu não tinha mais medo. Eu não me escondi mais. Um exagero atrás do outro. 
 

                Tudo acaba em gudalajara. E o méxico tem suas regras. O frederico que sabia das coisas.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Vai vendo... mas fica

         Perto do balcão eu ouço um som mais do que familiar: o bater de asas  do Ismael. O mesmo som que eu tento emular com meu suspiro/sorriso/soluço. Sei que já tive mais cerimônia para falar com ele, mas falei a única coisa que estava na minha cabeça naquele momento: - Ela manja do chamamé. Na verdade eu estava pensando numa parte de uma música do Jayme Caetano. "Misto de diaba e de santa, com ares de quem é dona. E um gosto de temporona que traz água na garganta."

        E ali a gente ficou olhando nossa responsabilidade. A parte que nos cabe nesse latifúndio. Senti ele me olhando e sabia do que se tratava. A frase não é minha, mas usar ela contra mim faz muito sentido. Um tenista - tinha que ser um tenista - certa vez disse que "As vezes você joga bem e perde". Nunca esqueci dessa frase. E naquele momento eu inegavelmente estava dentro de um jogo que não poderia ganhar. Mas antes de me entregar eu ainda olhei pra ele falei fieri potest. Confiar nas asas nos une de uma forma única, embora a gente use nossas penas pra fins bens diferentes.

          Vai com medo mesmo. Eu sei que mais uma vez vou perder. Eu sei que vou acabar sem nada e sem ter para onde correr. Mas a verdade é que eu não sei fazer o que faço de outro jeito.  É só um boneco de palitinhos que teima em subir a montanha pra continuar pulando. A queda dói, mas o tempo que eu passo no ar justifica qualquer coisa. Talvez em um outro lugar, uma outra vida... não sei... talvez eu encontre meu lugar no céu.

terça-feira, 31 de julho de 2018

I heard, I heard, across a moonlit sea...

             Ainda de manhã um aviso de ressaca com ondas de dois metros. E eu senti uma certa saudade da água gelada do mar. Mas o que realmente me convenceu a ir pra praia depois de tudo foi uma maga. 





             Deitado na areia, longe de tudo e de todos desse mundo, rindo de tanto chorar.. eu ainda lembrei de dizer bem baixinho. "Estou ouvindo agora, pai."

Eu confesso minhas fraquezas só pra quem me fortalece.

terça-feira, 26 de junho de 2018

O preço que se paga as vezes é alto demais

           O despertador toca e de alguma forma eu já estou acordado. Me espalho na cama e deixo o lençol gelado fazer meu corpo entender que está na hora de levantar. Não é suficiente e eu preciso de muita força de vontade pra me arrastar até o banheiro de olhos ainda fechados pra tomar um banho. A agua não cai gelada, mas ela está longe de estar quente. Me agasalho pouco com um roupa de mendigo e saio pra pedalar. ¿Que espécie de pensamentos me trouxeram até aqui? Por que diabos eu gosto desse frio e dessa chuva fina nas madrugadas.? Queria lembrar que mês os franceses chamam de brumário. Menos de 500 metros depois o frio já chegou nos meus ossos. A garoa gruda na pele mas eu mantenho minha parte do trato com a chuva: não abaixo a cabeça. Quando meu corpo tenta reclamar eu pedalo mais forte até o cansaço e a dor nas pernas ofuscarem qualquer tentativa de sentir pena de mim mesmo. Às vezes eu pedalo 2km. Às vezes eu pedalo 20km. Às vezes eu persigo idéias, as vezes eu fujo de pensamentos ruins. Com a cidade vazia eu me sinto mais livre. Existe uma rua onde os anjos falam comigo e eu escuto eles melhor quando é madrugada e a cidade inteira dorme.

           Várias gripes me ensinaram da pior maneira o que o suor faz quando esfria no corpo da gente. A água pro chimarrão ferve enquanto eu tomo um banho quente. Ainda falta um tempo até o amanhecer e descansar, como se sabe, é ir fazer outra coisa. Toco um baixo desplugado sem fazer muita força. Depois de 20 anos tocando, acho que consigo imaginar as notas e ouvir elas na minha cabeça. Mas não me engano, é um mero exercício para os meus dedos.

           A tendinite me lembra que amanheceu e que tenho outra empreitada para me punir. Sento em frente a um maldito quebra cabeça e preciso segurar as peças com a mão esquerda e forçar a vista para seguir em frente. Andar mancando na direção certa ainda é melhor que sair correndo na direção errada.

           Temos tanto ainda por fazer. Eu admito que fico triste quando penso que vou ter que fazer tudo sozinho. Mas a solidão ainda é melhor do que colocar outra pessoa dentro do meu inferno.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

¿Is that enough.?

        No sábado, chego em casa depois do show e abro uma gaveta pra jogar dinheiro e cigarros dentro. O cheiro de um bilhete que eu guardei me machuca de um jeito que não consigo explicar. Eu não tenho problema nenhum em fugir quando enfrento algo que não posso vencer, mas ir pra praia não era uma opção. Estou num impasse com o mar e acho que só em agosto resolveremos tudo.

          Um baterista me manda mensagem me agradecendo por ser meu amigo. Queria que ele pudesse entender o quanto faz diferença cada vez que eu olho para o lado e vejo ele sorrindo. Eu estou ali perdido e sem rumo, mas ele bate forte naquela bateria e, de alguma forma, isso me ajuda a seguir em frente. Cada vez que ele sorri  eu entendo porque o inferno nunca me assustou. Eu estou em ótima companhia nele.

           Se eu não tive o mar, na segunda tive dois olhos azuis que olham através de mim faz 24 anos. A felicidade dela é um pouco minha também. E saber que ela e o Dani se encontraram me deixa muito satisfeito com o mundo e com o rumo que as coisas estão tomando. Tudo vai dar certo.

           Na terça vou para o uruguai. o mundo ficaria melhor se houvessem mais pessoas que me ligassem e dissessem "tô passando aí em meia hora, vamos pro Uruguai". Durante a viagem eu tive um anjo mudo empoleirado do meu lado enquanto meu demônio ia tentando negociar comigo. Cada um do seu jeito, ambos me ajudaram. Tudo que me obriga a olhar para dentro de mim mesmo serve.

            Aí aparece a cigana querendo ler minha mão. Segurei a mão dela e falei sem nem perceber que estava falando em espanhol: "No necesito saber nada sobre mañana Que Santa Sara la proteja y cuide siempre de los tuyos." Ela me olhou assustada e se afastando falou algo que não entendi. Lição de Marketing internacional nº1: Voce não precisa ser grande coisa, mas fica muito mais fácil negociar quando pensam que você é grande.

            Dentro da loja, vejo um uruguaio com cara de cearense que é sem dúvida o melhor funcioário dentre todos os free shops de Rivera. Deixei ele e o joal tratando das coisas sérias enquanto pedi ajuda pra recepcionista com cara de xina. Depois de vários sorrisinhos, pensei em totas as inconsêquncias dos gaúchos que me precederam na banda oriental e perguntei sem hesitar: ¿te puedo hacer 3 preguntas?
E aí fica a lição de mkt internacional nº2 quem procura acha, quem desloca recebe; e matéria atrai matária na razão direta de suas massas e na razão inversa do quadrado de suas distâncias.

             Quem pede tem a preferência.

       Penso que evitar conflitos que eu não consigo prever nem o fim e nem as consequências não seja covardia.


terça-feira, 8 de maio de 2018

Foi por aqui que eu perdi

       Assisto um video de uma raposa vendendo um guarda roupa.. 10, 20, 123 vezes. Aperta forte um relicário na mão. Tem vezes que eu hesito. tem vezes que eu acho que estou fazendo tudo errado e não consigo nem me explicar pra mim mesmo. Na parede uma trompa azul ri de mim enquanto jogo meu celular longe pra não telefonar. Não dizer que sinto falta. Não dizer que tá foda. Até Azeroth perdeu o sentido

        De alguma forma a angústia que sinto comove alguém do 27 andar e eles mandam a alma gêmea falar comigo. Ter as ferramentas certas é fantástico. De todas as pessoas do mundo, poder usar a única que não me deixou nem 1% melhor, mas me lembrou com maestria de como as coisas tendem a ficar melhor quando eu me afasto. E de que ainda tenho trabalho a fazer.

        Eu escolhi tudo isso senhores, mesmo quando o desespero me cega eu não esqueço disso. Era pra ser muito diferente, mas certas escolhas estão muito acima de mim.  Estou no chão mas não perdi minhas asas. Já passamos por coisas piores que isso. Eu sei que se eu chegar em agosto, tudo ficará bem.

        Mas, por favor, até lá, NUNCA ME CONCEDAM DESCANSAR

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Faltaram apenas as tranças

- E como está indo o plano.?
- O plano está indo excelentemente bem.
- Tu não parece bem. Eu sempre sei quando tu chora tocando.
- O plano não envolve eu ficar bem. Estou sozinho, estou quebrado. Mas as pessoas ficam melhores sem mim. E tudo está se ajeitando de formas que eu nem imaginava possíveis. As pessoas fodas acabam se encontrando.
- O que tu quer com tudo isso.?
- O que eu quero não importa.
- Tu é o cara mais covarde e ao mesmo tempo o mais louco insano  que eu conheço.
- Gêmeos com ascendente em gêmeos, ao seu dispor. Meu trabalho é saber o que as pessoas não sabem. Isso sempre me fez solitário.
- E agora.?
- Agora eu vou pra lá.
- O que tem lá.?
- Um monte de água salgada.
- Isso é tão 2007. Tu indo pra praia depois de um show
- Existe na minha vida essa repetição que acontece sempre.

domingo, 29 de abril de 2018

Ego quondam iterum

         Maldito Héfeso. A nóia dele com o ponto fraco na armadura está inscrita em mim também. Ou talvez eu seja burro demais. mas posso me justificar. Não há nada aqui que eu queira defender, ¿por que me preocuparia com uma armadura.?

           Um metro quadrado ou talvez um pouco mais. Era o espaço que eu tinha em cima do palco. Era meu reino. Meu bunker. Meu agora. Do meu lado o Robledo e o Duda. Com uma banda boa eu me sinto invencível. Eu não sabia as músicas, mas eu não me importava. Era pra ser divertido, era pra ser libertador. Era pra pedir uma carta de alforria pra dor que passeia comigo de mãos dadas. Mas o que você mais teme pode te encontrar no caminho. Nenhuma novidade, sempre que eu me sinto invulnerável a vida me dá uma voadora. E eu percebi que estava de volta no inferno. E fez falta o Virgílio. Quando eu desmoronava tocando ele tocava sozinho. E ali estava eu sem espada e sem condição nenhuma de me defender. Na minha cabeça ecoava um velho tango. Sorrir e ficar invisível não era possível.

            Assim como aconteceu em Paris, eu sabia que ia perder tudo. E que ia precisar tirar força do cu pra sustentar minha escolha.

            Há um velho livro por aqui com um poema escrito em latin.
            Essa é a única frase que eu deveria tatuar.
perfer et obdura
dolor hic tibi proderit olim

sábado, 28 de abril de 2018

Das coisas que obviam

         37 anos depois eu descubro que existe mais do Peca em mim do que eu podia imaginar. No meio de um feriado chega uma comitiva pra buscar meu pai, torneiro mecâncico aposentado, pedindo ajuda pra concertar alguma coisa. Não sei porque acabei indo junto.

           Uma ponta de eixo quebrada, e um monte de coisa torta. E ele botou o guardapó e o óculos do mesmo jeito que eu amarro meu cabelo num coque quando sei que vai ser foda.  A gambiarra é de família, agora eu sei. E correndo pra lá e pra cá atrás de um torno o Peca deixou até o engenheiro impressionado. E é claro que ele fez piada quandoo engenheiro pediu pra ele ensinar o porque fazia as coisas do jeito que estava fazendo. 

          Quando viu que o cara estava soldando errado, foi lá e soldou, E odiou do mesmo jeito que eu odeio estanhar cabos.

           Naquele momento eu entendi o tamanho do meu pai. E percebi que, mesmo se eu estivesse tocando para 1 milhaõ de pessoas num estádio, ainda assim ele seria maior.

        Depois de tudo, sozinho e reconhecendo minha escolha, a madrugada seguia ensurdecedora. Mil vezes eu peguei o celular na mão pra mandar mensagem pedindo ajuda. Mas eu escolhi me afastar pra não machucar. E longe de tudo, só sobrou uma pessoa que não me julgaria.

domingo, 22 de abril de 2018

Eu vivo pra me sufocar


            Muito antes de saber que vagrant significa errante em inglês, eu joguei um jogo chamado vagrant story. Eu era um riskbreaker e aprendia magias novas através de grimórios. Muito se falava sobre o grimório definitivo, que continha o segredo da magia mais foda. E eu passei meio jogo procurando um livro. Até que um inimgo perguntou "¿Mas porque vc acha que o grimório definitivo é um livro?" O grimório definitivo era uma tatuagem enorme nas costas do cara que fez a pergunta. Eventualmente eu consegui uma tatuagem igual para aprender a magia que eu precisava.

                A idéia de uma tatuagem nas costas vem precisamente desse jogo.

             Há uma música da blackbirds que diz "eu quero uma nova guia".  Como filho de Iansã, eu sempre achei que guia era uma coisa. Mas ontem eu vi que não. E perguntei pra mim mesmo sorrindo "¿Porque vc pensou que guia é um cordão de colocar no pescoço.?

                E, como fez dezenas de vezes antes, minha irmã me ajudou a me encontrar.


quinta-feira, 19 de abril de 2018

A lo lejos

         Tem duas poesias que eu sempre me lembro quando vejo o mar. A Cecília Meireles colocando o sonho dela num navio e  os versos mais tristes do Neruda.




E mais de 100 vezes eu gritei esses versos dentro da água. mas nunca foi a última dor. 
E nunca será, por que minha alma nunca aceita que eu a perdi.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Antes de Nietzsche e Tool, Pearl Jam e Júlio Verne

           Divido as fazes da minha vida em bandas e autores. Sempre um e outro. Sempre um ao mesmo tempo que o outro.  Mas houve uma vez dois verões em que eu li Neruda.  E naqueles verões e não toquei nada. Nada poderia ser mais musical que um chileno apaixonado.  Em vez de tocar eu escrevia poesias na areia entre as ondas e  as dunas. A solidão me partia em dois e eu não tive opção a não ser aprender a me reconstruir mais rápido do que me desmonto. 


De las estrellas que admiré, mojadas
por ríos y rocíos diferentes,
yo no escogí sino la que yo amaba
y desde entonces duermo con la noche.

De la ola, una ola y otra ola,
verde mar, verde frío, rama verde,
yo no escogí sino una sola ola:
la ola indivisible de tu cuerpo.

Todas las gotas, todas las raíces,
todos los hilos de la luz vinieron,
me vinieron a ver tarde o temprano.

Yo quise para mí tu cabellera.
Y de todos los dones de mi patria
sólo escogí tu corazón salvaje.

sábado, 14 de abril de 2018

Um horizonte a menos

         No xadrez abra o jogo como quem lê um livro. No meio do jogo seja um soldado que defende cada peça e cada posição. E no fim, escreva uma poesia. Essa foi a melhor lição de xadrez que eu jamais tive. 

        São fases, eu sei. Não fugir por medo não me dá aval pra fugir pra sempre. Posso correr pro mar quantas vezes quiser, mas sei que certas respostas não estão lá. A água salgada me conserta nessas madrugadas que eu fujo pra amanhecer sozinho na praia. Mas vou ter que voltar pros livros do Iung que eu não entendo e pras músicas do Tool que eu não consigo tocar.

        Dentro de uma garrafa eu tenho uma epifania. E com uma tequila eu não brindei à putaria; brindei aos sinais que ficaram anos tentando me mostrar a mesma coisa.

          Ironicamente alguém está tocando Bush no meu violão em algum lugar.

         Se meu anjo ainda estivesse aqui ele estaria gargalhando sentado na minha janela aberta. O frio me mantém focado assim como a tristeza me faz competente. O que eu quero não é importante, mas isso não significa que eu não queira muito certas coisas.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Pega-peixe é especialidade da família

        Quando nossos olhares se cruzaram eu demorei o tempo de uma batida de coração pra perceber que ela era exatamente a pessoa que eu precisava encontrar. Soltei aquele meu riso meio suspiro enquanto pensava no trabalho que deve ter dado fazer a gente se encontrar. Ali estava minha irmã. A Dulcinéia pra me lembrar do meu trabalho. E diferenciar moinhos e gigantes é tão fácil pra ela.

          Acordei de susto e saí da cama já correndo. Ás vezes a gente sabe exatamente onde deveria estar. Eram 3 horas da manhã, eu tinha tempo, mas a urgência era justificada.

         Anos atrás o mar tomou de mim a minha fé. E levei anos para construir uma nova. Hoje entreguei minha esperança. É preciso me libertar. Não vou vencer a tempestade se insistir em ficar carregando peso inútil.

sexta-feira, 30 de março de 2018

Pequeno

         O senhor vê, a vida é esse rio que me arrasta sem que eu saiba o que existe na próxima curva, depois da cachoeira. Num dia empresto minha alma para o Único Acima, no outro alugo ela para o Diabo.  A raiva que sinto de mim mesmo somada com a tristeza pela ruiva onisciente me motivam de um jeito incoerente. A força é inútil sem direção.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Adultorum magna gradibus

           Eu era muito criança quando andava na igreja de São Pelegrino de olhos fechado contando a distância entre as coisas em passos. Como tinha livre acesso lá de noite, eu sabia como era importante me locomover lá dentro sem luz. De alguma forma eu pensava que ia atrapalhar alguém se acendesse as luzes. E eu deitava na Essa olhando pro teto iluminado pelas luzes da cidade sonhando em aprender latim. Eu não sabia nada sobre o Único Acima e sobre todo mundo que trabalha junto com ele, mas de alguma forma eu sabia que deveria falar com eles em latim. Hoje minha conta em passos é diferente, mas ainda paro no mesmo lugar entre a Pietá e o São Francisco. E baixo a cabeça como quem dá oi para um velho amigo. Com o tempo percebi que não precisava de palavras pra falar com quem quer que fosse. Falo certas coisas em latim mais pelo ritual do que por qualquer outra coisa.

            Fico pensando: A Dona morte sempre me ensinou muita coisa quando veio, mas percebo agora que aprendi muito mais nas oportunidades em que eu chamei muito por ela e ela não fez o que pedi. Obviamente temos critérios diferentes sobre o trabalho e sobre o que é importante, mas parece que fazer a parte sem saber do todo é inerente ao trabalho. ¿Mas o que posso eu falar sobre importância? De todos que se foram antes de mim, é irônico que eu sinta mais a perda de um gato que batizei e que anos depois dei a extrema unção; e de uma raposa que não pude salvar. Talvez isso faça sentido para alguém em algum lugar.

            Talvez tudo isso que pesa em mim me tornando errado e inadequado para o que quero seja uma coisa boa em algum outro tempo, em algum outro lugar. Talvez aqui nessa mesma igreja a Dona morte se sente ao meu lado e tente me entender, assim como eu tento entendê-la.

domingo, 25 de março de 2018

Empernados

            Infinitos planos na minha cabeça. Em vez de pensar no que quero, penso no que consigo ou no que posso fazer. E as vezes o Único Acima me usa porque precisa que as pessoas escutem certas coisas. E ele sabe que a maioria das pessoas só escuta palavras. Meu trabalho panfletando no inferno me coloca em situações que nunca imaginei estar. Talvez nos meus melhores sonhos.
              
             Eu tinha um anjo e a coisa que mais me lembro dele é o som das gargalhadas dele na minha janela. Passamos por incontáveis batalhas juntos e na derrota e na tristeza ele fazia o trabalho dele. E eu insistia em fazer o meu. Não foi surpresa nenhuma quando ele se tornou o anjo da minha senhora. E ontem, quando ela me disse que o nome dele á Arthur, eu gargalhei do mesmo jeito que ele gargalhava na minha janela. E, com minha alma rindo, eu percebi que estava no exato lugar que deveria estar. Ouso falar em merecimento. A paz que eu tanto quero está ao alcance. Naquele pequeno momento eu torci pra que o Arthur tenha gostado de ouvir minha gargalhada, assim como eu gostava de ouvir a dele nas madrugadas de caos e intensidade que nos forjaram. 

             Minha esperança está em farrapos, mas com a calma de quem sabe que tudo vai se resolver, o Arthur fez o que faz de melhor, usou a boca da minha senhora e disse como o pouco caso dos que sabem:  - Logo logo tu arruma ela.

sexta-feira, 9 de março de 2018

Cooperação

             Entrar no meu quarto e dar de cara com fotos e bilhetes que não via há meses me desarmou. Apesar deles me machucarem, não tirei nada do lugar que já estava. Em partes porque minha casa continua na mesma pessoa. Em partes porque cada vez que releio um bilhete, lembro que a melhor parte de mim ainda é capaz de sentir coisas boas.

             Fico pensando sobre tudo que aconteceu e as vezes penso que deveria ter feito tudo diferente. Mas acabo chegando a conclusão de que as coisas aconteceram exatamente como deveriam ter acontecido. O plano foi arriscado, mas necessário.

              Perco pedaços de mim que são simplesmente insubstituíveis, mas em algum lugar aqui dentro eu sei que eles vão ficar bem.Sinto um peso enorme sobre mim, mas uma frase que disse pro meu padrinho no dia do casamento do Potro continua valendo: Pode não parecer, mas tudo está exatamente onde deveria estar.

             Estou só pelo mar pra terminar de arrebentar com a minha esperança e pra reforçar as costuras do meu coração. 

Se eu não for por mim. quem o será.?
Mas se eu for só por mim.. o que serei eu.?
Senão agora, quando?

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Like a mantra

        Uma coisa minhas duas viagens pra França tem em comum. 

      No meio delas eu me dei conta de que as coisas nunca mais seriam as mesmas quando eu voltasse. Porque eu não seria o mesmo.


And all of this
Will never be the same
Again

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Nem se eu estivesse tocando Bach

        Parei de brigar com o frio e cheguei num ponto em que ele me consola. O ar gelado me mantém alerta, na mesma proporção que o cansaço me desanima.

        Toco Oasis e Artic Monkeys como quem usa um band-aid numa perna amputada. Não resolve muito mas a verdade é que aceitei mais do que nunca que há coisas que eu realmente não posso consertar. E talvez existam coisas que eu não queira consertar. Não adianta nada eu teimar e me apegar ao que já não é. Castelos de areia são feitos para serem destruídos, mesmo aqueles com um palitos de picolé no meio deles. Eu devia ter deixado a corrente me levar em vez de ficar teimando em atravessar o rio. A margem oposta é bem diferente do que eu me lembro dela. 

       Olhando para trás, o que começou com uma fuga agora é mais um rito de passagem. E da mesma maneira que antes eu não sabia do que estava fugindo, agora não tenho a menor ideia de onde isso tudo vai me levar. 



sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Sean bienvenidos al nuevo méxico

       Tantos momentos precisariam ser devidamente notados. As conversas em inglês em que consigo ser irônico. E as em francês que conseguimos nos entender. No palco, quando eu e o Caldo tocamos um mi menor pra começar uma música sem ter ideia de qual música vai ser. Quando ele cuida do lado dele do palco e eu cuido do meu. Como foi na banda do caldo locao. A gente se conhece a mais de 20 anos e isso se reflete em cada acorde que a gente faz.

           Lá fora a neve cai linda. Mas a neve no chão é  o próprio inferno. Caminhar em meio a 40 cm e neve torna uma duna de areia numa passarela. De um jeito ou de outro, quando a temperatura de -10 graus tenta me gelar e a neve cai pesada o suficiente pra ser preciso limpar a cara a cada 20 segundos, tudo que eu consigo pensar é: ¿é só isso que vcs conseguem fazer.? Vocês realmente estão tentando me incomodar com frio.?

          Com um baixo afinado em Ré e sem conseguir ver quase nada por causa da fumaça e das pessoas pulando, as coisas soam estranhamente familiares. Ainda grito, mas é por costume mesmo. O mesmo tango ecoa na minha orelha sempre que eu me descuido.

Living easy, living free...

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

A puppet on a string

         Sobre Londres eu sempre conto uma história que envolve uma mulher com asas, muito trago e o primeiro passo em direção a uma redenção que nunca aconteceu. Mas tem outra história, que eu não falo muito sobre. Ela aconteceu três dias antes da minha aventura no The Piano Works. Foi uma conversa. Eu lembro de burramente ter sido sincero e, por causa da minha sinceridade, a putaria no piano works se fez necessária.

         ¿E por que voltar a isso agora, tantos meses depois.? Porque aquilo que eu disse em frente a catedral de Saint Paul continua verdade.  E porque a sensação de que sou uma anta por confiar nas pessoas também continua recorrente. Já vi os meus serem capazes de tantas coisas maravilhosas que parece que esqueço que eles são capazes de coisas erradas também.

          Mas quem sou eu pra falar sobre certo e errado. Tudo culpa minha.. same as always. Todo mundo que chega perto demais terá problemas. Nem um metro de neve e um oceano e distância podem mudar isso.

         Tinha que ser uma igreja do Paulo.. "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar..." Uma das lições que nunca assimilei...

        Vou ali tocar Tool. Eu sei que as peças se encaixam. Ontem toquei Highway to hell. Nunca toquei essas músicas do jeito que gostaria.Não importa o fuso horário. Depois das 3 e meia da manhã o sonho fica mais lúcido.



We're choosing to be here. Right now, hold on, stay inside.
We're choosing to be here. Right now, hold on, stay inside.
We're choosing to be here. Right now, hold on, stay inside.
We're choosing to be here. Right now, hold on, stay inside. 
We're choosing to be here. Right now, hold on, stay inside.

 

domingo, 14 de janeiro de 2018

Anjos e demônios

            De todas as músicas que poderiam ter tocado, ¿por que justamente essa.? Pra me lembrar que é difícil discutir com o chefe.? Pra me lembrar que preciso continuar fazendo o que fiz todos esses anos: esquivar e  sumir.? Transformar raiva e tristeza em eficiência.? Ou simplesmente foi pra selar um tratado sobre não se importar.?

            De um jeito ou de outro, sigo tropeçando nos meus pés enquanto teimo em andar de cabeça erguida. Me sinto um merda depois, mas não é como se eu não soubesse que ia ser exatamente assim. Admito que tinha esperança que não fosse. ¿Eu já disse que me condenei à esperança? Um pedaço de pano amarrado no meu pulso está quase arrebentando, mas eu sou burro e vou costurar ele. Por que é o que eu faço  ..me desmonto e me reconstruo. Me rasgo e me costuro.  Não ter nada a perder torna o fardo mais leve, mas ainda sito dor no pulso por carregar pesos que não são meus.

            Não acreditar em mim mesmo demanda esse preço. O único acima tem coisas muito mais importantes pra se preocupar. Entendo perfeitamente que meus gritos se percam em meio a nevasca, mas sigo repetindo meu único pedido: Nunca me conceda descansar. Antes de ser vento eu era um porco espinho e quanto mais forte tentavam me machucar, mais eu machucava de volta. Não vou recuar enquanto cospem o inferno na minha cara. Não trouxe armadura nenhuma, mas eu ainda me defendo com a espada. E não pensem que eu não tenho um plano.

             Não fechei os olhos pra os sinais, mas hoje sou metade do homem que costumava ser e, sendo assim, demoro mais pra assimilar o que era rápido e simples no passado. Estou em terreno desconhecido, fora da minha zona de conforto. Não vou pedir paciência, mas espero que entendam que não tenho pressa nenhuma em fazer as coisas como elas devem ser feitas.




Pretty soon...

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Antes da tempestade

           Eu fecho meus olhos e é  como entrar num parquinho particular. Mantenho meus dedos fazendo um exercício estranho em sextinas enquanto vou pensando em muita coisa. Outras  músicas , outras  pessoas outros lugares. Em algum momento eu percebi que coordenação não está nos dedos e sim na cabeça. Acho que foi o Barão que me disse isso. Melhor, acho que foi o Barão que me mostrou isso.

           Hoje faz um mês que chegamos aqui nos Alpes. Cheguei quebrado e percebi que não ter medo é  muito diferente de ter coragem. ¿Por que é somente  no meio de uma tempestade de neve eu consigo erguer a cabeça e olhar pra frente com esperança.  A montanha e a a neve bem que tentaram, mas eu sigo fazendo meu sertão  aqui. E no sertão,  mes seigneurs,  o pensamento sempre se forma mais forte que o poder do lugar.  O horizonte do mar é muito maior do que qualquer monte de terra que me olha de cima.

           Metaforicamente, quando toco melhor eu sou uma me pessoa melhor. É  impossível  melhorar em um aspecto sem melhorar em todos os outros. Eu fico estudando pra  tocar melhor até doer. E isso faz muito sentido. Eu fico me esforçando pra ser uma pessoa melhor até doer.  Ironicamente, hoje senti uma coisa que fazia  um mês que não sentia. Não senti falta, pra ser sincero. Tendinite, aqui me tens de regresso.

         No fundo, acho que o que me importa mesmo não é  tocar melhor. Nem ser uma pessoa melhor. Eu só quero ser mais verdadeiro. Comigo e com  tudo ao redor.
           É  isso. Ser autêntico. 
           Dolorosa e intensamente verdadeiro.

domingo, 7 de janeiro de 2018

Best roommate ever

             Fugir para se encontrar. ¿Isso faz sentido? Tinha que ser longe de tudo?

          Existem várias anotações no meu velho livro do Jaco, o mesmo que eu procuro quando resolvo estudar contrabaixo. Além de exercícios que eu sempre vou precisar fazer, eu enchi ele de anotações com o passar dos anos. São recados pra mim mesmo no futuro. Maneiras tortas de me fazer lembrar o que é realmente importante. Na mesma página, em anos diferentes, eu escrevei duas coisas. A primeira é:  bruce lee já te disse como estudar. 


 

           E logo abaixo, com uma caligrafia bem diferente eu escrevi: Uma pulga pode te dizer o teu lugar na música. Foi o meu jeito de me fazer lembrar desse vídeo






          Aqui na França eu tenho como roommate um geniozinho da guitarra. Eu vejo ele tocando guitarra pra cima e pra baixo e sinto alegria em ver ele tocando os nós que ele toca e fazendo tudo parecer fácil. É uma baita inspiração nesse mundo nevado e estrangeiro no qual estamos. Ele deixa a toalha molhada em cima da minha cama, mas ainda assim ele me ensina escalas tortas e faz muito café. Estou muito no lucro.