sexta-feira, 24 de julho de 2020

Olhai os lírios do campo

        Nunca foi uma vontade de buscar trilha sonora certa. O senhor vê: quem foge de muito precisa correr bastante. Uma catarse de ler até as palavras dizerem exatamente o que eu queria que elas dissessem. Tocar até a tendinite doer o suficiente pra que eu esquecesse todo o resto. E li Julio Verne ouvindo Raul. Érico ouvindo engenheiros. Carlão ouvindo Pearl Jam. Osho ouvindo Doors. Tolkien  ouvindo Purple. Frederico ouvindo Chico Buarque. Clarice ouvindo Racionais. Neruda ouvindo No te va gustar. Cervantes ouvindo Vitor Ramil. E Guimarães Rosa ouvindo Tool. 

     Não fez sentido no passado e não faz sentido agora. Eu não sei como relaciono autores e bandas. Mas sei bem porque faço isso.

terça-feira, 7 de julho de 2020

É só uma poça d'água, mas ainda assim...

       Metáforas, juntamente com transformar água em vinho, são a melhores coisas do cabeludo da cruz. Quando o Potro parou de jogar eu perdi um pedaço. Eu não entendia na época, mas eu competia muito com ele. E me obrigava a melhorar por causa dele. Nunca fomos adversários. Mas ver ele jogar bem me fazia querer jogar bem também. E ver ele curando me tornou mais humano. E curar se tornou minha metáfora jogando quase todos os jogos depois do Warcraft. Eu deveria jogar com a Black Widow no Overwatch. Mas troquei uma sniper francesa por uma velha curandeira. Eu tinha meu raio resolvedor de problemas no diablo, mas acabei virando um monge por duas magias de cura. Certamente o Vento de 10 anos atrás não teria respeito nenhum por essas escolhas. Não sei se isso tudo é pra compensar a falta de tato com minhas próprias cicatrizes ou se veio da idéia de curar os outros na vida real. Sei que sinto falta dele. Entendo porque nos afastamos e que pago pelo meu mantra de que fico na vida das pessoas só enquanto for útil. Mas no meio de tanta gente que é pior que o lixo da vala, eu sinto falta dele. Como ser humano ele julga, é teimoso, xucro e intolerante, mas como amigo ele é magnifico. E certamente é muito mais do que eu mereço. Foi preciso apenas 15 minutos conversando com ele pra entender que certas coisas não vão mudar nunca. 


              Eu precisava mesmo é de um banho de mar. Agora. Com cada onda gelada batendo no meu corpo como se fosse de agulhas. Mergulhar pra se proteger da chuva e ouvir o mar rir da minha inocência. Sentir o corpo surtar e querer se encolher por causa do frio. E brigar comigo mesmo pra manter o controle. Esses dias conversei com a Cláudia (te amo, amor) sobre cada pessoa se definir e se recarregar de formas diferentes. Agora que estou a tanto tempo sem fazer minhas loucuras, eu vejo que aquela insensatez de entrar no mar no meio do inverno, no escuro, sem nenhuma preocupação com o meu bem estar ajudavam um bocado pra que eu me recarregasse. 

            Está tudo bem mais sereno, mas água salgada, areia e vento sempre serão a linha que eu uso pra remendar meus pedaços.


Uma formiguinha