quinta-feira, 27 de agosto de 2009

É preciso ficar firme.

Uma pausa dos tangos e das neuroses do protools com racionais

"GERALMENTE QUANDO OS PROBLEMAS APARECEM A GENTE ESTÁ DESPREVENIDO.
ERRADO.
É VOCÊ QUE PERDEU O CONTROLE DA SITUAÇÃO, PERDEU A CAPACIDADE DE CONTROLAR OS DESAFIOS
PRINCIPALMENTE QUANDO A GENTE FOGE DA LIÇÕES QUE A VIDA COLOCA NA NOSSA FRENTE.
VOCÊ SE ACHA SEMPRE INCAPAZ DE RESOLVER, SE ACOVARDA.
O PENSAMENTO É A FORÇA CRIADORA.
O AMANHA É ILUSÓRIO
PORQUE AINDA NÃO EXISTE
O HOJE É REAL
É A REALIDADE QUE VOCÊ PODE INTERFERIR
AS OPORTUNIDADES DE MUDANÇA ESTÃO NO PRESENTE
Ñ ESPERE QUE FUTURO MUDE A SUA VIDA
PORQUE O FUTURO SERÁ A CONSEQÜÊNCIA DO PRESENTE
PARASITA HOJE, UM COITADO AMANHA
CORRIDA HOJE, VITÓRIA AMANHA
NUNCA ESQUEÇA DISSO IRMÃO.


_____E me pediram uma frase para abrir o disco. E então eu lembrei de todas histórias que o Virgilio contou enquanto eu gravava. Enquanto eu me escondia atrás dele no palco naquele show. E eu pude retribuir dizendo o mais simples: aqui, ao sul de todas as coisas, perto de um rio feito de prata, as grandes histórias são contadas com tangos y milongas.

_____Disseram que Marte ia ficar do tamanho da Lua. Mentira. Mas de fato ele estava do tamanho de um tijolo no céu. Todo vermelho, todo orgulhoso.

_____Eu estou com medo, mas sei bem que esse medo tem data específica para acabar. A semana que vem promete pelo menos duas despedidas difíceis.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Duvidando da própria honra

¿Quantas pessoas vão enxergar em mim os defeitos que negam possuir.??

¿Quantas metades vou ter que juntar para me sentir inteiro.??

¿Valeria a pena tocar fogo no circo apenas mais uma vez??

¿Aceitar aquele perdão implicava em deixar prá trás.??

¿Alguém pode me dizer quem sou eu, por favor??

¿Todo o sacrifício vai ser recompensado aqui.??

¿Existe alívio no céu, mesmo sem chuva.??

¿Poesias pela metade são apropriadas??

¿Onde vou tocar dia 6 de setembro??

¿Trabalhar tanto é bom ou ruim.??

¿O Amor serve como desculpa.??

¿Meu desejo de paz é sincero.??

¿A loucura ainda funciona.??

¿Somos mesmo iguais.??

¿Ainda kamikaze.??

¿Esquizofrenia.??

¿Autista??

¿Dois??

¿Só??

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Refazendo ditados, agregando frases

Ao som de: Husky Rescue - Nightless night

_____São noites loucas, algumas coisas não mudaram e não tendem a mudar. Outras estão diametralmente diferentes. Olhando ao redor quase me senti em casa. Sentado no palco vendo o compadre e todo o resto eu quase me senti em paz.

_____É engraçado as pessoas jurarem que viram o que não aconteceu. O que me leva a uma frase simples e despretenciosa:

"Eu não encorajo boato nenhum, simplesmente não perco tempo explicando coisas que não dizem respeito a eles. Eu e tu sabemos, isso me parece ser suficiente."

- Tiago, no meio de um monte de músicas de viados, conversando com seu unicórnio...

domingo, 16 de agosto de 2009

Justificando os nós

De todas as conversas desse mês de agosto...

Um se apaixona fácil em noites de verão e de inverno, o outro não sabe mais o que é se entregar.

Um ouve engenheiros do hawaí, o outro ouve tool.

Um lê nietzche em español, o outro Osho.

Um não tem medo de cair, o outro não se importa em levantar.

Um toca músicas, outro soa entre um silênco e outro.

Um toca baixinho pra não atrapalhar o silêncio, o outro grita até perder a voz escondido atrás dos cabelos.

Um acredita, o outro sabe.

Um conversa com as flores e com qualquer coisa que faça parte, o outro ouve as histórias das cartas e das estrelas do céu.

Um não gosta das coisas fáceis, o outro sempre tenta o jeito mais difícil.

Um é um amigo leal e honrado, o outro é um inimigo frio e cruel.

Um fala a verdade de forma kamikaze, o outro brinca com as palavras conforme a necessidade.

Um toma tequila sentado num cordão de calçada, o outro chimarrão com as pernas na janela.

Um é um budista que acredita em Jesus, o outro é um ateu semi convicto.

Um conta com a sorte, o outro faz parte de um complô maior.

Um fecha os olhos para ver, o outro decifra sinais.

Um queria passar desapercebido, o outro está sempre no olho do furacão.

Um é como o fogo, que aumenta as fogueiras grandes e apaga as pequenas, o outro é como o sol, que aquece mas também apodrece o esgoto.

Um joga xadrez com cara de poker, o outro joga poquer pensando no tabuleiro.

Um é um palhaço no circo sem futuro, o outro um equilibrista.

Um faz mistério porque sabe que é útil, o outro se esconde por ter medo.

Um chora porque dói muito, o outro porque não quer deixar a chuva cair sozinha.

Esses somos nós. Debaixo da chuva do mês de agosto. A minha chuva.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Agosto segue, com arrojo...

Ao som de um cd onde se lê "o essencial é invisível aos olhos"

Despir um corpo a primeira vez

...É um acontecimento etre dois deuses. Não se pode profanar o instante. E os amantes devem manter o ritmo dos altares. Porque, embora nesses rituais haja sempre panos e trajes para agradar ao Olimpo, é para a nudez total que o céu quer nos arrebatar.

As mãos tem que ter um compasso certo. Um andamento ou largo de Bach nos gestos, compondo a alegria de homens e mulheres. As mãos, sobretudo, não podem apressar. Com os olhos tem que aprender e, com a ponta dos dedos, comtemplar os acordes que irão surgindo quando, peça por peça, o corpo for se desvestindo ao pé do altar.

Antes de se tocar com as mãos e os lábios, na verdade, já se tocou o corpo alheio com um distraído olhar sempre envolvente. E ninguém toca um corpo impunemente. Despir um corpo a primeira vez não pode ser coisa de poeta desatento colhendo futilmente a flor oferta num abundante canteiro de poesia. Nem pode ser coisa de puro microscopista que olhe as coisas sabiamente. Se tiver que ser de sábio o lhar, que seja do botânico, porque esse sabe aflorar em cada espécie o que cada uma tem de mais secreto ou distante, o que cada uma sabe dar!

Despir um corpo pela primeira vez é como conhecer pela primeira vez uma cidade. E os corpos das cidades tem portas para abrir, jardins para repousar, torres e altitudes que excitam a visitação. Algumas cidades sitiadas caem ao som de trombetas, outras se entregam porque não mais suportam a sede e a fome de amar. As cidades tem limites de resistência. E, como o corpo, querem alguém que as habite com intimidade solar. Gêngis Khan, Átila ou qualquer conquistador vulgar tem com as cidades e corpos uma estranha relação. O objetivo é a devassa e a dominação. Conquistada a cidade, a ordem é marchar.

Por isso, cuidado para não se acercar do outro apenas com esse olhar guerreiro ou com esse olhar tolo de turista. O turista, embora procure sabores típicos, é um voyerista que só quer fotografar. Mas há turistas e turistas, e o pior turista é aquele que olha sem olhar. É um perdido marinheirro que está preso em algum porto, que não se permite num outro corpo inteiramente desembarcar. Quando os corpos se tocam por acaso, como se estivessem indo em direções diferentes, o que ocorre é desperdício. Não se pode tocar um corpo impunemente. E para se tocar um corpo completa e profundamente num dado instante, os corpos tem que convergir. A descoberta do outro é isso: é convergência.

Despir um corpo a primeira vez é como despir um presente. Por isso não se pode desembrulhá-lo assim, às pressas, embora a gula nos precipite afoitos sobre a pele em oferta. Não se pode com mãos infantis e descompassadas ir rasgando invólucros, arrebentando cordôes com a gula que as crianças só tem em confeitarias antes da indigestão.

Despir um corpo a primeira vez, para usar uma imagem conhecida, é mais do que ir a primeira vez a Europa. Pode ser, ao contrário, desembarcar pela primeira vez na América sobre a nudez do desconhecido. É descobrir na pele alheia, mais que a pele dela, a nossa pele índia. E volto àquela imagem: despir um corpo pela primeira vez é tão marcante quanto a primeira vez que um mineiro viu o mar. Um corpo é surpresa sempre. E o que se vê nas praias, nessa pública ostentação, nesse exercício coletivo de nudez total negaceada, em nada tira a eufórica contenção do ato, quando os dedos vão desatando botões e beijos e rompendo as presilhas das carícias. Despir um corpo a primeira vez não é coisa para amador. Só se o amador for amador na arte de amar. Porque o corpo do outro não pode ter a sensação de perda, mas a certeza de que algo nele se somou, que ele é um objeto luminoso que a outros deve iluminar.

Um corpo a primeira vez, no entanto, é frágil e pode trincar em alguma parte. E os menos resistentes se partem quando aquele que os toca, os toca apenas com a cobiça e nunca coma generosa mansidão de quem veio pela primeira vez, e sempre, para amar!
- Affonso Romano de Sant’Anna

_____Isso embasa uma teoria muito controversa na qual insisto em negar meu karma e afirmo que fui punido impunemente. Arbitrariedade é isso aí.

_____A trégua veio e com ela biscoitos amantegados e chocolate quente. Provocação pouca é bobagem. E acabei num palco. Segundo testemunhas, havia um sorriso grande em mim. É agosto e está garoando na neblina da madrugada. Não tem como eu não sorrir. Usufruir parece ser a ação mais adequada prá mim no momento.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Eu queria uma trégua

3 da manhã. Agosto segue. A lua pegou as nuvens e transformou o céu num mar estrelado. O Tiago e o Vento continuam a sua conversa sem, no entanto, chegar a nenhuma conclusão. Entre eu e eu, continuo pedindo que nunca me concedam descansar. Continuo apagando as pequenas e tornando as grandes ainda maiores.

A Cris lembra uma flor de lótus. E nenhum de nós sabe explicar porque. E um pouco de coerência de ambas as partes seria bem apreciado.

A resposta é não porque é conveniente prá todo mundo que eu diga não.

A possibilidade de tocar com o Campa é uma baita notícia. Se é prá tocar blues, que seja com quem sabe.

Coloco um texto em homenagem as 2 ou 3 pessoas que conheci que realmente foram capazes de amar com coragem...

_____...Qualquer coisa é admitida, menos que não ame com coragem.
_____Amar com coragem não é viver com coragem. É bem mais do que estar aí. Amar com coragem não é questão de estilo, de gosto, de opinião. Não se adquire com a família, surge de uma decisão solitária. Amar com coragem é caráter. vêm de uma obstinação que supera a lealdade. Vêm de uma incompetência de ser diferente.
_____Amar para valer, para provocar torcicolo. Não encontrar uma desculpa ou um pretexto para se adaptar, para fugir, para não nadar até o começo do corpo. Não usar atenuantes como "estou confuso". Não se diminuir com a insegurança, mas se aumentar com a insegurança. Não se retrair perante os pais. Amar como se não houvesse tempo de amar.
_____Amar esquisito, de lado, ainda amar.. Amar com fúria, com o recalque de não ter sido assim antes. Amar decidido, obcecado como quem troca de identidade e parte a um longo exílio. Amar como quem volta de um longo exílio. Amar como uma canoa engatinha na margem, árvore deitada de bruços. Amar desavisado, com vírgula entre o sujeito e o verbo.
_____Amar desatinado, pressionando a amar mais, a amar mais do que é possível lembrar.
_____Amar com coragem, só isso.

- Fabrício Carpinejar - Só isso

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Frases simples e despretensiosas sobre grandes assuntos.

"A yTangos é o System of a Down da música gaúcha."

César Casara, num belo resumo do nosso objetivo durante a gravação do cd

domingo, 2 de agosto de 2009

Com o estandarte dos kamikazes

_____Começo agosto com chuva, como não podia deixar de ser. Penso no sentido de ter honra. O tempo não é curto, mas ainda assim a empreitada que tenho pela frente é exageradamente desproporcional. Já fui avisado: não haverá tempo para falhas. E tem o Jasmim. E tem o Tiago. E tem a Cris e o Luís. E tem meu coração batendo. E 5 cordas ressoando em paz. E tem as lágrimas perdidas entre as gotas de chuva. E tem o peso de cada mão sobre o piano. Um tendão que precisa ser refeito na mão esquerda. E tem a tempestade. E tem eu falando bem baixinho pra ser ouvido só prá quem importa: nunca me conceda descansar.

Ninguém vai conseguir tirar esse sorriso da minha cara.
Sê bem-vindo, meu amigo.