segunda-feira, 22 de agosto de 2016

¿Acaso?

                Um festa que eu não queria ir. Fiquei o dia inteiro me debatendo com isso. Mas eu dei minha palavra e iria, independente de qualquer coisa. Em algum lugar aqui dentro, uma das vozes dizia que eu tinha que estar lá. Eu tinha meus motivos pra ir e eles tinham nomes: Fernando, Mauro, Robledo, Luís, Tita, Rafael, Fran, Joce, Graziano. Um equação simples. Todos eles juntos seria uma catarse. Não havia como não ser assim.

                  Eu tenho um coração partido. Pedaços e mais pedaços que eu mantenho juntos a base de água salgada e teimosia. Que quebro e continuo costurando. E no meio do lugar mais impensável. Na festa que eu não queria ir. Aparece um sorriso que faz todos os pedaços vibrarem na mesma frequência. E de repente, lá estava eu me olhando no espelho. Sem sentir a sensação de que estou fora do lugar. Uma mulher usando comigo o que eu uso com os outros. Gémeos, é lógico. Cada estrela da constelação rindo da minha cara. Mas chovia e tudo parecia estar no lugar. 

                  No meio de tudo eu vi minha irmã. Nunca haverá um Dom Quixote sem sua Dulcinéia. Mas sei do peso que sou. Das coisas ruins que trago de volta pra ela. Achei justo olhar ela de longe enquanto ela se desmanchava no roupa nova. Depois encontro com ela e ela me para. Ela sabe que apesar da minha capacidade e do meu esforço em fazer com que ela fique sempre bem. Ela perguntou como eu estava. Com ela sempre serei sincero. A vulnerabilidade que dá poder. Perdido, achando que nenhum rumo vale a pena, meio bipolar e com vontade de ser sozinho. Uma abraço pra eu ter certeza que há no mundo alguém que me entende. E para me dar coragem, coisa que ela sempre fez com maestria.

                E meu caminho passa por uma porta com o símbolo de Ganesha. ¿Se a Dulcinéia fez parte do campeonato de ironias, o que dizer da mudança de deus Hindu.? E depois de tanto tenpo, ali estava eu, com a sensação suprema de que eu estava exatamente onde deveria estar. 

                  Já no dia seguinte um baterista me manda mensagem e me agradece. Eu queria ter as palavras para conseguir explicar pra ele que existe uma certa mágica em certos shows. E pode ser um show do David Gilmour ou do cara que toca violão e voz num boteco chinelão. E que os shows dele normalmente tem essa magia. Se bem que, bobagem minha tentar explicar. Ele sabe dessa mágica. Há um time. Um pequeno time de gente de coração puro e meio maluca que sabe bem dessa mágica. E não precisa me agradecer. O que se faz de coração não carece de agradecimento nenhum. Eu é que agradeço. Aprendi mais vendo ele com duas baquetas na mão do que com muitos professores de contrabaixo que tive. E nas nossas conversas acabo me tornando uma pessoa melhor. E, se sou uma pessoa melhor, toco melhor. Mas ¿o que importa se toco bem ou mal? Eu tenho os melhores amigos do mundo e eles tornam minha vida melhor. Isso é o que importa.

                         Falando em melhores amigos. Feliz aniversário, Mestre. Mais do que nunca.. Lc 6:40

                         Logo no Warcraft. Um druida. Faz todo sentido pra mim. Poder mudar de forma e se adaptar. Se transformar num gato grande que consegue desaparecer. Mas o buraco é mais embaixo. O Potro jogava de druida. Ele jogava pra caralho de druida. Ainda acho que imitação é a melhor forma de homenagem. Cada vez que uso a magia rejuvenescer tem um pouco do Potro ali. E quando mudo pra forma de urso eu sorrio bobo lembrando que ele saiu da bolha e que está muito melhor agora. De todas as minhas teorias furadas pelo menos uma se mostra verdadeira. Quem fica longe do caos familiar fica melhor.

                             Num dia estou gritando comigo mesmo para sair de casa. No outro brindo tomando Moet Chandon.
          

                    Agosto. Segue agosto de rédea solta. Viver é bom.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Here comes a New Challenger

        Eu lembro de cada jogada de algumas partidas de xadrez. E eu lembro também de uma partida de Street Fighter com o Negão no fliper da sorvelândia.

        Era começo de mês e ele estava impossível jogando com o Akuma. Tinha fila pra jogar contra ele. Quando chegou a minha vez, eu escolhi o Ken. Era como correr com um carro 1.0 contra um 1.8... mas eu tinha um plano.

           Ganhei o primeiro round por tempo. Ele cansou de ficar trocando hadoukens e pulou em cima de mim. Gastei 2 barras de especial pra tirar o máximo de vida possível. E pra sair do canto.

          Perdi o foco no segundo round e apanhei feio. Mas enchi as 3 barras de especial que eu ia precisar.

        O fliperama parou pra ver a gente jogar. E eu sei que o Negão estava preocupado porque ele parou de falar abobrinha pra me provocar e ficou quieto. Ele sabia que podia perder. E eu sabia que podia ganhar.

       Eu estava ganhando mas errei um shoryuken e ele não perdoou. Soco forte no ar, rasteira média e aquele maldito hadouken que derruba. Quando caí ele soltou aquele especial que provavelmente iria me matar. soco fraco duas vezes, chute fraco e soco forte. Sempre achei incrível como ele não errava isso. Mas eu sabia o que fazer. 2 meia luas pra frente e os 3 socos no momento exato. Meu especial nível 3 anulou o dele e patrolou a vida do Akuma. Ele não havia perdido, mas eu tinha uma vantagem considerável. E pelo soco que ele deu na máquina, não estava mais querendo fazer piadinhas. Quando eu estava a uma distância segura, apertei start. A provocação do ken. Eu sorria. Sabia que ele ia pular em cima com aquela maldita voadora média que descia mais rápido. Ganhei com um shoryuken fraco. 



          Cada um jogava numa máquina diferente e eu fui até o lugar que ele estava jogando. Não fiz nenhuma piada enquanto ele ficava reclamando de tudo. Lembro que ele disse.. " -Eu jogo melhor". Respondi a única coisa que fazia sentido pra mim naquela hora. "-Sim, joga... mas eu ganhei" E sem perder a arrogância que eu já tinha na época, olhei pra multidão que estava aglomerada ao redor das máquinas e perguntei  "-Quem é o próximo?"

         Eu lembro de tudo isso porque me dei conta naquele momento que eu não era o melhor, mas que as vezes precisava me comportar como se eu fosse. Independente de qualquer outra coisa, eu sabia o que precisava ser feito e tinha a força necessária pra fazer. 

Volta pro final de semana passado. Mesa de som nova. 
Eu perdido, mas focado. Com medo, mas preparado. 

Volta pro show de ontem. Tocando pra pessoas que me balançam.
Tocando errado, mas com paixão. Com vergonha, mas sorrindo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Ainda sobre o fim de semana

           Agosto, sempre em agosto. o mês onde o Tiago e o Vento sempre discutiram tanto. De qualquer forma, entrei ventando, com o Virgílio na mão. Discutindo comportamento humano com uma psicóloga, da mesma forma que discutia a bíblia com uma professora de teologia. Tocando Adele e chorando sem ninguém ver. Achando o máximo a mulher do bar não gostar de mim. Não me sentindo fora do lugar. Batendo forte o pé junto com o bumbo de um baterista de coração bom. Soando intenso e verdadeiro em cada nota.

           A conversa que tive comigo mesmo naquele ônibus a caminho de Alter do Chão não foi esquecida. A paz que eu tanto quero a um preço que não consigo pagar. Como se minha felicidade estivesse a um oceano de distância e Deus só me desse uma tábua por dia pra Jangada. E o Diabo sempre cochichando no meu ouvido pra eu ir nadando. 

           E volta minha senhora. Meu plano deu tão errado. Achei que longe dela - que longe deles - eles ficariam melhores. ¿Quem pode me julgar por pensar assim.? Tantos se afastaram e ficaram tão bem. Toda a ideia de ficar na vida das pessoas somente enquanto sou necessário. Toda a certeza de saber que invariavelmente faço mal para quem fica perto por tempo demais. Pra quem chega perto demais a ponto de gostar de mim.

            Mas ela voltou. E quando estamos juntos. somos mais do que duas pessoas. Cada um vale por muitos. Quando estamos juntos, somos mais do que uma dupla. Somos um time. Qualquer um pode ver que o universo trabalha com a gente, para o bem e para o mal. E isso da a liberdade de fazer qualquer coisa. Liberdade essa que usamos muito bem, diga-se de passagem.