terça-feira, 14 de maio de 2019

Troco controle por paz, mil vezes

     Eu gosto de pensar que a Morte é uma menina com um Ankh no pescoço e um olho de Hórus mal pintado no olho, mas isso é ridículo. Fora o Destino, ela é a mais velha dos perpétuos. Gosto de pensar que ela não entende muito bem o trabalho, mas dizem que a cada cem anos ela passa um dia como mortal, ao fim do qual ela morre. Tudo para compreender melhor a sua missão. Eu gosto de pensar que somos amigos, e que teremos uma conversa agradável quando chegar a hora. E que ela cuida bem do meu cavalo. 


     Lembro de tudo isso quando esbarro no trabalho dela. Eu queria poder quebrar as regras e roubar a dor das pessoas pra mim. Não de todos, só dos meus. Tem pessoas boas demais nessa lista e eu queria poder fazer mais por elas. Ninguém está pronto para perder um pai.

      E aí o baterista manda um áudio quando eu estou tentando consolar o inconsolável. Velórios cristãos me fodem. Mas em algum lugar, alguém achou importante me manter otimista.. me lembrar do que realmente importa.  Alguém achou importante me lembrar que a ordem de mudar foi foda, mas que eu não estou sozinho. Que depois da madrugada escura e fria existe uma linda manhã de outono. Eu marquei uma pedra de tanto que escrevi nela que teria justiça e paz, mas preciso admitir que as vezes era foda acreditar que existia um caminho. 

         Sobe o elevador pra falar com a gerência. Não adianta nada termos regras se elas são extrapoladas. De novo, eu tive o que eu mais queria ao preço de uma mentira. E, de novo, mentir não foi sequer cogitado. As experiências repetidas tem uma única finalidade: ensinar o que não foi aprendido da primeira vez. Sendo assim, eu só queria perguntar que tipo de lição eu deveria aprender. A resposta foi muito mais direta e esclarecedora do que o normal. "A lição não é pra você, é pra nós". Um anjo e um demônio andam sempre comigo. E nem nos meus melhores devaneios de importância eu achei que eles poderiam aprender alguma coisa comigo.

domingo, 5 de maio de 2019

Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece.

        Colocaram uma força tarefa pra me dar suporte e eu fui adaptando o plano da melhor maneira que pude. Às vezes a gente faz a coisa errada e se sente bem. Às vezes a gente faz a coisa certa e se sente um merda. Faz parte do jogo. E eu estava ali pra ganhar.

       Não teria como contar tudo que eu carreguei comigo quando subi naquele palco. E todas coisas ruins que larguei antes de subir. Eu fui feliz o suficiente pra irritar as pessoas ruins. Antes de tudo, o Nico perguntou se eu iria tocar. Respondi que ia tocar cada nota. E ia colocar tudo em cada uma delas. Elas tinham destino certo. No meio do show eu senti o coração ficando pequeno. Soltei o cabelo na cara torcendo pra ainda saber ficar invisível. E entre suor e lágrimas eu sorri e ninguém mais me viu.

       Foi preciso que deitassem nas minhas asas pra que eu lembrasse que elas não servem pra varrer o chão. Da outra vez a Ostra me chutou do abismo pra que eu voasse.. Dessa vez eu precisei me jogar por conta própria. O acaso me ajudou de formas que eu nem imagino, mas eu li  claramente os sinais enquanto parecia só um baixista inconsequente. 

       Cheguei em casa e fiz chimarrão. E quando amanheceu tudo estava no lugar. A serenidade que eu tanto pedi, ao meu alcance. Não posso resolver todos os problemas dos meus, mas creio que já faço uma grande coisa não criando mais problemas para eles. Quando a ordem de mudança vem, a gente muda. 

           A Carmem me deve um livro. Até lá eu volto pros mesmos livros de sempre.



Aee Frederico.. Vamoooo